A organização da rotina nem sempre é feita de maneira adequada, gerando situações de estresse e quadros de ansiedade.
Pesquisa realizada pela empresa Runrun.it no final de 2020, com 1500 trabalhadores, constatou que 84% dos entrevistados apresentam estresse em decorrência do trabalho remoto (55% dizem estar moderadamente estressados e 29% afirmam estar muito estressados).
Ainda conforme o levantamento, 61% dos respondentes estão exaustos, sem energia física e/ou emocional e 43% têm grande dificuldade em se desligar das tarefas de trabalho.
O médico psiquiatra e nutrólogo, Frederico Porto, afirma que o regime de home office nublou as fronteiras entre o trabalho e o lazer, ocasionando um quadro de confusão que é revertido muitas vezes em estresse e ansiedade.
Porto diz que o ser humano separa suas atividades do cotidiano por espaço. “Antes da pandemia, as pessoas saíam de casa para trabalhar e voltavam para descansar. Essa separação bem definida facilitava o trânsito de um contexto ao outro”, diz o médico. “Agora está tudo misturado dentro de casa, o que dificulta muitas vezes para o profissional encontrar momentos de parada e desligamento”.
Conforme o psiquiatra, para driblar o problema as pessoas devem criar em suas casas rituais que facilitem a definição dos espaços destinados a trabalho e descanso. “Caso contrário, o esgotamento mental e emocional certamente acontecerá”, diz.
Tendência do futuro
Na sociedade contemporânea, com mudanças constantes e velozes, é cada vez mais comum que pessoas sofram de algum transtorno psíquico. “A vida moderna gera muito mais estresse e ansiedade do que outras eras”, afirma Porto.
Segundo Porto, no período pré-histórico, hipoteticamente, o homem topava com um animal perigoso duas vezes por semana e o seu estressor era algo físico, palpável. A situação podia ser enfrentada de maneira mais fácil. Havia poucas alternativas: fugir ou lutar.
Já na atualidade, a despeito da comodidade e conforto em que a maioria das pessoas vive, as situações estressantes se proliferaram. “No mundo do trabalho, por exemplo, um colaborador ou um empresário precisa resolver pendências a todo instante, seja relacionado a um fornecedor, cliente etc. É preciso ‘matar um leão’ por hora”.
Além disso, o objeto estressor não é físico, mas mental, e a maneira primária que o ser humano tinha para reagir ao estresse (fugir ou lutar) não funciona mais. “O fato de não conseguirmos descarregar esse estresse como queríamos faz com que ocorra uma série de alterações no nosso organismo”, diz o psiquiatra.
Pandemia acelerou processo
A pandemia, com seus medos de infecção e anseios pela vacina e volta à vida normal reforçou ainda mais o estresse e ansiedade que já sentíamos.
O psiquiatra compara a situação vivida em cenário pandêmico com uma pessoa perdida em um deserto à procura de um oásis. “Em março de 2020, a expectativa era que a ordem normal fosse restabelecida em um ano. Passado esse prazo, a normalidade não voltou e o que parecia um oásis mostrou-se de fato uma miragem. Um outro prazo de cerca de um ano nos foi dado para que encontrássemos o oásis de verdade e estamos neste momento à procura dele”, afirma o médico.
O médico psiquiatra explica que a ansiedade é um estado emocional que se refere ao futuro. “Nós nunca ficamos ansiosos pelo que já passou, apenas pelo que vai acontecer. Assim, a pandemia age para que o quadro de ansiedade das pessoas se aflore, pois reforça a incerteza em relação ao porvir”.
Resiliência e adaptação são necessárias
A pandemia um dia vai passar, mas dificilmente o dinamismo do mundo contemporâneo será revertido. A tendência, aliás, é que a velocidade das mudanças aumente.
“Os fatores geradores de ansiedade não diminuirão. Por isso, será preciso cada vez mais desenvolver a resiliência, a capacidade de adaptação, seja em âmbito pessoal, seja em âmbito profissional”, declara o psiquiatra.
Para isso é fundamental o descanso. “Nenhum sistema vivo pode ser resiliente sem descansar. A resiliência não está na capacidade de gastar energia, mas na capacidade de recuperá-la”.
Nesse sentido, é preciso introduzir no cotidiano as chamadas micropausas. “É como se fosse proposto tirar dois minutos de férias por hora para respirar. Fazendo isso de maneira rítmica, suave, abrem-se as portas para o descanso rápido e profundo e para a recuperação do organismo”, diz Porto.
Como relaxar
De uma perspectiva da medicina integral, essa reorganização do sistema orgânico, para contornar o estresse e ansiedade, se dá em três frentes: corpórea (com atenção para o sono, alimentação e atividade física); emocional (onde primeiro se identifica quais as emoções presentes, e então faz-se uma intervenção, por exemplo, via respiração); e mental.
Assim, inicialmente é preciso buscar a paz no corpo. “Não é possível continuar ansioso quando se passa a respirar tranquilamente. A partir do momento que elas são identificadas é possível intervir para controlá-las”, afirma o médico.
A última etapa é fazer a intervenção mental a partir da compreensão dos padrões de pensamento repetidos no dia a dia.
Problema também é das empresas
A busca por mitigar os transtornos de ordem psicológica não deve ocorrer apenas da ótica do indivíduo. Como foi dito, as situações que geram quadros ansiosos tendem a aumentar no futuro. Lidar com isso será uma questão cada vez mais constante nas empresas.
“Da mesma maneira que investem em capital técnico para que os profissionais se aprimorem, as corporações precisam investir no treinamento de competências emocionais. A resiliência integral (física, emocional, mental e espiritual) será competência fundamental para trabalhadores e gestores serem capazes de lidar com os desafios da vida daqui para a frente”, diz o psiquiatra.
Quando buscar ajuda
É preciso procurar profissionais adequados para o tratamento quando o seu quadro de ansiedade se tornar patológico. “O sono é um termômetro fundamental, porque é o maior descanso que o ser humano possui. Você percebe que está com problemas para dormir quando demora para pegar no sono ou quando acorda no meio da madrugada”, declara.
A falta de prazer também é um indício de que as coisas não andam bem. “Se algo que costumava gostar de fazer não está mais sendo prazeroso, fique atento. A espécie humana é a única que tem noção de tempo e que faz projeções. Se você deixa de se inspirar pelo que o futuro pode trazer, talvez seja o momento de procurar ajuda”, afirma o médico.
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Empresa de refrigeração, energia solar e outras frentes de atuação, a Elgin completa 70 anos e lança uma campanha publicitária para contar sua história. A ação “mais do que você imagina” busca apresentar as práticas de responsabilidade socioambiental, inovação e diversificação da empresa.
A campanha produzida pela Allternativa Films X possui três filmes de 1 minuto, 30 segundos e 15 segundos, é estrelada pelo casal de atores Flávia Alessandra e Otaviano Costa.
A veiculação será feita pelo período de um ano nas plataformas digitais, mídias sociais e mídia out of home (OOH) – como em relógios digitais, abrigos de ônibus, shoppings, outdoors, metrôs, Rádio Transamérica e em placas publicitárias nos jogos do Campeonato Brasileiro de Futebol, nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília.
“Ao longo de sete décadas, a empresa tornou-se uma marca conhecida por sua qualidade, credibilidade e inovações constantes, sempre com foco no bem-estar das pessoas e na preservação ambiental, utilizando atributos que colaboram com as metas de redução de emissão de poluentes e baixos níveis de consumo de energia”, diz Rafael Feder, presidente da empresa em entrevista à EXAME.
A atuação da companhia no mercado brasileiro se iniciou pelo segmento de máquinas de costura e hoje possui um portfólio diversificado com mais de doze mil produtos, para uso comercial e residencial, nos segmentos de Ar-Condicionado, Automação Comercial, Energia Solar, Escritório, Iluminação, Mídias, Informática, Pilhas e Carregadores, Refrigeração, Segurança, Telefonia e Eletroportáteis.
“A nova campanha traduz o momento atual em que a empresa vive, com o direcionamento para as transformações digitais e de comunicação – online e offline -, ressaltando a importância das inovações e transformações, mas sem esquecer do seu passado pioneiro que a solidificou no mercado brasileiro”, diz Feder.
Segundo o executivo, a campanha acontece em um importante momento para a companhia. A Elgin faturou 1.6 bilhões de reais em 2020, e pretende crescer 20% em 2021.
Campanha e negócios
Com direção de criação de Flávio Medeiros, o filme é representado pelo casal de atores Flávia e Otaviano, que aparecem em alguns cenários fictícios e minimalistas para contar a história dos 70 anos da Elgin, passeando pelos segmentos, contando a tradição desde a máquina de costura e reforçando a presença de seus produtos para uso comercial e residencial.
“O momento é de comemoração pelos 70 anos da nossa marca, mas também estamos concentrando esforços em transações que tenham impacto positivo na sociedade. Sabemos que a responsabilidade social começa dentro da nossa própria empresa, por isso, é necessário que estejamos atentos às nossas ações no ecossistema, a fim de proporcionar e manter uma cultura inclusiva dentro e fora da Elgin”, diz Feder.
Deste modo, a companhia com mais de 2.400 funcionários que tem metade do faturamento vindo do segmento de ar-condicionados tem buscado inovar nos últimos anos com, por exemplo, paineis de energia solar. “Hoje a frente de energia solar representa 6% do faturamento, mas esperamos que em cinco anos ultrapasse ar-condicionado. Estamos acompanhando as evoluções sociais, a sustentabilidade e comunicando isto nos 70 anos da marca”, diz Feder.
O fundador e presidente da Prevent Senior, Fernando Parrillo, viveu o inferno nas últimas semanas. A operadora de saúde fundada por ele há 24 anos tornou-se alvo de uma série de denúncias levadas à CPI da Covid no Congresso. As acusações vão de pressão para que médicos receitassem remédios considerados ineficazes contra a doença até recusa de tratamento para evitar aumento dos gastos com pacientes.
Agora, porém, o empresário se diz confortado. Com o encerramento da CPI, ele, seu irmão e sócio Eduardo Parrillo, e médicos da Prevent Senior foram indiciados e devem ser investigados pelo Ministério Público. “Vamos ter a oportunidade de nos defender no meio que é para isso, que não é o meio político, é o judiciário”, disse em entrevista exclusiva à EXAME.
Parrillo é enfático na defesa da conduta da empresa durante a pandemia. “Quando você está naquele clima, naquele momento, naquela pressão, com a intenção de acertar, você não pode falar que errou na decisão. Talvez se fizéssemos diferente nós não estaríamos aqui hoje (…). Então não me arrependo de nada do que fizemos. Na questão médica, de assistência, de olhar para o paciente como ele merece, principalmente o idoso, nós acertamos”, disse.
O empresário comentou as denúncias que surgiram na CPI e falou sobre o futuro da empresa. Segundo ele, a companhia se mantém financeiramente sólida, está preparada para futuras epidemias e não vai fechar as portas. A operadora faturou 4,3 bilhões de reais em 2020, e espera fechar 2021 com receita de 5,8 bilhões de reais. “A Prevent Senior vai vir muito mais forte”, disse.
Leia a entrevista a seguir:
Como foram as últimas semanas na Prevent Senior. Como receberam as denúncias e como se organizaram para gerir essa crise?
Foi muito difícil para todos nós. Graças a Deus a gente montou uma equipe super competente, porque a Prevent Senior nunca atuou numa crise institucional como essa. Obviamente que não está sendo fácil, porque é uma questão emocional também. Mas eu acho que no final das contas tem sido benéfico, porque vamos ter a oportunidade de nos defender no meio que é para isso, que não é o meio político, é o judiciário.
Estou muito confiante que daqui para frente as coisas vão ser esclarecidas. Apesar de termos sido acusados sem poder nos defender, de termos sido indiciados sem poder nos defender. Isso é muito ruim para a democracia do país.
No dia 26/10 houve a votação do relatório da CPI da Covid. E você, seu irmão e vários médicos da Prevent foram indiciados. Como se sente?
Acho que é um sentimento de conforto. Porque vamos poder nos pronunciar. Queremos que seja investigado, para não ficar em narrativas. Confiamos muito nesse fórum, a promotoria é o melhor lugar para isso, é uma investigação técnica, não política. Pelo menos vamos ser escutados.
E teve o TAC (Termo de Ajustamento de Conduta), que foi muito bom para a empresa. Ele diz que não podemos distribuir a hidroxicloroquina aos beneficiários, isso nós já não fazíamos desde março de 2021. Mas foi muito bom porque foi uma boa fé da empresa junto com o Ministério Público de já eliminar alguns questionamentos em relação a isso.
A empresa é alvo de uma série de denúncias. Uma delas é a de pressionar médicos a dar aos pacientes com coronavírus o chamado “kit covid”, com medicamentos considerados ineficazes no combate à doença. Afinal, qual era a orientação geral da Prevent Senior em relação a esses medicamentos?
A Prevent Senior sempre preservou a autonomia médica. O que existiu foi um protocolo de orientação, caso o médico quisesse prescrever. O protocolo não significa uma obrigação de fazer. Existem protocolos aqui de todas as especialidades, é uma orientação ao médico, nunca houve pressão. Estamos falando de três médicos [que denunciaram], que tinham processos trabalhistas, processos no compliance, então isso foi uma retaliação por processos que já estavam correndo.
Como o ganho de escala e os processos de uma empresa como a Prevent convivem com a liberdade do médico? Como isso se dava na prática?
Em toda empresa existem protocolos médicos. Quando o médico entra, ele fica sabendo quais são os medicamentos que estão à disposição dele para o tratamento, isso em todas as áreas, em todos os hospitais. No caso da covid, fizemos isso. Acreditávamos na época que o medicamento era benéfico, era tudo muito novo, era o que se tinha à disposição para tentar conter a crise. E foi proposto: caso o médico queira usar, existe esse protocolo. Mas muitos não prescreveram e nem foram mandados embora porque não prescreveram. A empresa é verticalizada em processos, não é verticalizada em opiniões, não é uma questão de custos. Imagina você ter 3.000 médicos, mais os externos, e obrigar todos a terem uma conduta? Não é assim.
Vocês pararam de distribuir o kit covid em março de 2021?
Nós paramos de distribuir para os beneficiários. Um dos pilares da pandemia foi o isolamento dos nossos beneficiários, porque era o grupo de risco. Então nós enviávamos para ele não ter que ir à farmácia. Mas distribuímos outros medicamentos, que eram de uso contínuo deles também, não foi só o kit covid. No TAC a empresa foi obrigada a não distribuir, e a gente não distribui. Eles podem ir à farmácia caso queiram comprar seus medicamentos.
E pode continuar receitando?
Aí entra a autonomia médica. Ninguém pode ir contra a autonomia médica. É o médico receitar, não uma empresa receitar. Não existe um controle do que o médico está prescrevendo.
A indicação desses remédios foi bem difundida principalmente no início da pandemia, quando havia pouca informação confiável. Naquele momento a empresa tomou medidas por desconhecimento da situação? Essas eram práticas só da Prevent ou de todo o mercado?
Toda empresa séria e todo médico sério pôs à disposição o que existia no momento para tentar salvar as pessoas. Nenhum médico e nenhuma empresa de saúde quer o contrário, eles querem preservar a saúde do paciente. Nós somos pagos para isso, é uma empresa privada, que tem obrigação de fazer o máximo para salvar seus beneficiários. E fizemos isso com as ferramentas que existiam na época.
Toda empresa séria e todo médico sério pôs à disposição o que existia no momento para tentar salvar as pessoas. Nenhum médico e nenhuma empresa de saúde quer o contrário
Fernando Parrillo, sobre as denúncias a respeito do kit covid
Outro ponto polêmico é um estudo divulgado pela Prevent em abril de 2020. Houve erros na divulgação desse estudo?
Aquilo foi um estudo observacional. Foi feita uma observação dos pacientes, e nós achamos naquele momento que muitas pessoas poderiam se beneficiar dessa observação. E se o médico julgasse que aquela observação fosse válida, tomaria as providências de receitar, ou não.
Não queríamos fazer um estudo experimental de medicamento, longe disso, não tínhamos nem cabeça para fazer isso. O que tínhamos era: observamos que melhorou, isso pode servir para outras pessoas. E muitos médicos utilizaram. O único problema de tudo o que aconteceu em relação a esse kit foi a politização. Se não tivesse havido a politização, nós poderíamos estar em outro rumo em relação a isso. Não estou falando que existe comprovação sobre isso, existem muitos estudos que dizem que não, e esses são estudos sérios. Mas na época era o que se tinha. Temos que lembrar que aquela época foi desespero total. O que se faz com uma doença que ninguém conhece? A gente tem que botar tudo isso em contexto.
Outra denúncia é a de que a empresa adulterava as declarações de óbito de pessoas que morreram após serem internadas com covid. Surgiram casos em que o paciente foi internado com covid, mas a doença não aparece na declaração de óbito. O que aconteceu nesses casos?
Quando o paciente entra com covid, você é obrigado a colocar lá covid, é o diagnóstico certo. Esse CID [classificação internacional de doenças] nunca muda. O que acontecia é que, depois de um tempo que o paciente já não está infectando as pessoas, a gente podia locomover ele de leito.
O diretor jurídico da Prevent Senior, Gilberto Menin, complementa: Quando o paciente entra com covid, isso é notificado para o poder público, era o CID inicial, que nunca mudava. Só que quando o PCR vinha negativo, entrava outro CID, para o paciente sair do isolamento. Era um sistema de gestão de leitos. E eles misturaram tudo. Quando você notifica o poder público, isso já foi contabilizado. O que configuraria crime seria não notificar para falar que morreu menos gente lá, mas todos foram notificados. Para que haja uma fraude, tem que ter a figura do dolo, tem que ter uma vantagem.
Mas e a declaração de óbito?
A gente tem que entender qual seria a intenção da empresa de não dar o covid. Nenhuma. Erros podem ter acontecido, erros de preenchimento, numa pandemia, os médicos trabalhando 24 horas, podem ter acontecido em alguns casos, mas isso não foi alterado. Se fosse, não apareceriam três casos, a gente teve mais de 4.100 mortos.
A advogada dos médicos, Bruna Morato, foi à CPI e disse que mesmo que os médicos quisessem insistir na recuperação de um paciente, o plano poderia vetar o tratamento e indicar o chamado tratamento paliativo. Isso tudo com foco na redução de custos e liberação de leitos de UTI. O que diz sobre essas denúncias?
Nem tem o que responder, é um absurdo. Ninguém sabe de onde veio essa advogada, ela tentou fazer uma extorsão na empresa, um acordo que não foi concluído, e manda para a CPI um dossiê onde ela própria é testemunha, a maior aberração jurídica do país, uma testemunha terceirizada, o que ela fala eu nem escuto mais.
Mas esse tema tem levantado discussões sobre o modelo de planos de saúde verticalizados. Há quem defenda que esse modelo leva a um conflito de interesses, e favorece a redução de custos em detrimento do bem-estar do paciente. Isso é um risco mesmo? Faz sentido repensar esse modelo?
Existem várias operadoras nesse modelo, existem várias outras cooperativas com o mesmo modelo. É o que para em pé no sistema privado, são as que conseguem fazer o sistema funcionar. Se você sair desse modelo vai pagar muito mais num plano. Tem que ver com os beneficiários se eles estão contentes e felizes com o modelo. E pelo que venho percebendo eles estão muito contentes. Os modelos de saúde suplementar sempre têm que estar se inovando, sempre têm que se aprimorar, mesmo porque o mundo evolui. Acho que o debate tem que ser feito, mas não no ambiente político.
Não me arrependo de nada do que fizemos. Na questão médica, de assistência, de olhar para o paciente como ele merece, principalmente o idoso, nós acertamos.
Fernando Parrillo, sobre as decisões tomadas na empresa em meio à pandemia
Passado pouco mais de um mês da primeira denúncia, onde avalia que a empresa errou?
Acho que não erramos em nenhuma decisão. Quando você está naquele clima, naquele momento, naquela pressão, com a intenção de acertar, você não pode falar que errou na decisão. Talvez se fizéssemos diferente nós não estaríamos aqui hoje. A expectativa do início da pandemia para a Prevent Senior era que a empresa poderia acabar. As notícias que chegavam eram de que os idosos eram os mais atingidos, e eu tinha 500 mil idosos. Qual era a probabilidade de 10, 15, 20% dos meus idosos falecerem dentro da Prevent Senior? Qual estrutura eu teria que ter para atender? Foi um desespero total. Então não me arrependo de nada do que fizemos. Na questão médica, de assistência, de olhar para o paciente como ele merece, principalmente o idoso, nós acertamos.
E na parte institucional?
Sempre falo para todo mundo aqui: foco no que a gente controla. Não tínhamos como controlar isso, não tínhamos como controlar uma denúncia anônima, um dossiê mal feito, isso é a parte que a gente não controla. Não sei de onde veio tudo isso, como começou e por que começou. Então não saberia avaliar, se tivesse tomado lá atrás uma decisão diferente, a crise institucional que a Prevent Senior está passando não teria acontecido? No que pudemos controlar, a gente fez o melhor. Se decidiu certo ou errado a história vai contar.
Qual o principal aprendizado que esse processo trouxe para a empresa e para você pessoalmente?
Para mim foi mais que um doutorado. O maior aprendizado foi que temos que ter uma infraestrutura adequada para qualquer tipo de crise. E isso nós fizemos. Todos os nossos lugares estão aptos para receber leitos, até lugares de ambulatório. Toda nossa infraestrutura daqui para frente está preparada para uma pandemia. Nós temos 200 respiradores em estoque, que vão ficar lá, se precisar. E graças a Deus a Prevent Senior tinha infraestrutura, desde helicóptero, que foi buscar muitas pessoas com covid, aviões, infraestrutura nos hospitais, tínhamos um prédio para fazer um hospital de campanha. Ninguém sobrevive a uma pandemia se não tiver infraestrutura.
Que mudanças a empresa está promovendo internamente após as denúncias para evitar que essa situação se repita?
Eu não posso mudar a estratégia de uma empresa inteira por causa de denúncias anônimas, sendo que conhecemos três pessoas da denúncia e eu tenho 12 mil funcionários, 3 mil médicos. Isso para mim não representa nada. Vamos seguir cuidando dos nossos beneficiários, como sempre fizemos, com melhorias.
Somos a quarta operadora de saúde do país. Esse é um modelo que venceu. A gente conseguiu dar medicina de qualidade para as pessoas a um preço adequado, a gente conseguiu provar que a medicina não é cara, as pessoas podem ter acesso
Fernando Parrillo, sobre o modelo de negócio da Prevent Senior
Houve redução na quantidade de beneficiários após as denúncias?
Não. Mês passado vendemos 7 mil contratos, no meio de uma crise dessas. Eu fico muito feliz, porque estão atestando que confiam no que a gente está fazendo.
Vocês estavam expandindo para outras cidades, tinham planos de investimento ambiciosos. Mudou algo?
Não. Foram investidos mais de 350 milhões de reais em hospitais esse ano. A empresa não pode parar.
O modelo de negócios da Prevent Senior, com foco em idosos, operação verticalizada e medicina preventiva está ameaçado? Vão fazer algum ajuste de rota?
Jamais. Somos a quarta operadora de saúde do país. Esse é um modelo que venceu. A gente conseguiu dar medicina de qualidade para as pessoas a um preço adequado, a gente conseguiu provar que a medicina não é cara, as pessoas podem ter acesso, não pode ser um artigo de luxo. Temos a nossa função como empresa de saúde suplementar. A saúde suplementar tem que existir, senão aonde iriam os nossos 550 mil idosos? Quem tem capacidade de absorver? É uma irresponsabilidade sem fim pegar uma empresa que tem uma função social gigantesca e colocar no meio de uma divisão política.
Como vê o futuro da Prevent Senior?
A Prevent está bem mais forte, tudo isso só nos fortaleceu, só nos deixou mais agrupados. Trouxemos pessoas novas, as pessoas estão com muito mais vontade de trabalhar, muito mais vontade de criar, muito mais vontade de mostrar seu trabalho. Acho que a Prevent Senior vai vir muito mais forte.
Um temor dos beneficiários é que a empresa feche as portas. Existe essa possibilidade?
Jamais. É uma empresa totalmente estruturada, e parece que tudo o que fizemos esses anos todos era para nos preparar para esse ano de pandemia. Em termos de estruturação de infraestrutura, as coisas que tínhamos à disposição, e um caixa muito forte. A gente nunca deixou de ser conservador na questão financeira e estrutural. Mesmo nesse ano, com deflação nos planos, mesmo assim a gente ainda está positivo no ano. Ela continua estruturada, e quando isso passar a gente vai estar com força e garra para trabalhar.
Tem planos de vender a empresa?
Jamais, esse é o nosso projeto de vida, a família não pensa nisso.
E abrir capital?
Também não, a empresa tem uma flexibilidade muito grande, de decisão, de atuação, e jamais a gente conseguiria fazer isso num outro sistema.
Nas últimas semanas comentou-se que a Prevent funciona bem na parte preventiva, mas quando o paciente precisa de uma intervenção mais complexa ela não tem isso para oferecer, ou acaba negando que o paciente vá para outro hospital por uma questão de custos. Como é isso?
Nesse momento de pandemia surgiram vários especialistas… Se a empresa não tivesse como fazer, ela não chegaria até aqui. Temos procedimentos a laser, cirurgia pela radial, cirurgia robótica, a gente nunca fez propaganda sobre isso. Jamais um paciente ficou sem atendimento. Ninguém consegue ter 550 mil pessoas aqui dentro, vendendo boca a boca, sem propaganda em televisão, não oferecendo nada. As pessoas são tratadas adequadamente. Mas o mundo virou especialista… Vem fazer visita no paciente, vem ficar uma hora e meia conversando com um idosos que está em depressão, isso não é alta complexidade para eles. As pessoas não sabem nem um décimo do que se faz aqui dentro. Meu corpo clínico é o melhor do Brasil.
Está indignado?
As pessoas que trabalham aqui não merecem [o que aconteceu]. A gente gosta do que faz, e é muito dolorido para nós. São pessoas que dobraram turnos, nós dormíamos duas, três horas por dia, e vem alguém querer nos colocar numa briga política. Não entendem nada do que a gente faz, isso é muito triste.
De 1 a 5, qual sua experiência de leitura na exame?
Sendo 1 a nota mais baixa e 5 a nota mais alta.
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Seu feedback é muito importante para construir uma EXAME cada vez melhor.
A hipótese de haver uma maioria centrista que rejeita os “extremos” não vem se comprovando. Desde a estreia, na disputa presidencial de 2018. Mas continua um sucesso de crítica, apesar do até agora insucesso de público. Uma pista pode ajudar a explicar as dificuldades na decolagem. O centrismo é mais capaz de hegemonizar quanto mais inclusivo dá a impressão de ser. A ideia de construir consensos excluindo leva jeito de contradição em termos.
Não se deve subestimar, porém, o potencial de outra espécie de “centrismo”, que mais corretamente deveria levar o nome de “solucionismo”. Talvez haja um amplo contingente de eleitores em busca antes de tudo de soluções práticas para problemas idem, e é bem provável que essa turma venha a decidir a eleição. Trata-se então de encontrar a necessidade e preenchê-la, segundo o conselho de Norman Vincent Peale.
Se bem que de vez em quando vale também criar a necessidade, ainda que algo artificialmente. O marketing está aí para isso.
Faz sentido que Luiz Inácio Lula da Silva e mais recentemente Jair Bolsonaro estejam voltados a lapidar a imagem de resolvedores de problemas. O primeiro vem ancorado nas percepções positivas sobre seu governo em temas como a fome. O segundo busca bandeiras sociais. É lógico. A pandemia tem deixado um rastro de dificuldades econômicas, e a sobrevivência material ocupa o centro das preocupações desde que despencaram casos e mortes.
O Brasil traz uma peculiaridade no assunto que modernamente leva o nome de inclusão social. O foco gira invariavelmente em torno do papel redistributivo do Estado. Agora mesmo, um bordão de Lula é “incluir o pobre no orçamento e o rico no imposto de renda”. E a luta toda de Bolsonaro é pelo Auxílio Brasil de 400 reais. E ambos estão deixando um buraco na defesa, para alguém que diga a real: só crescimento econômico resolve.
Não se está dizendo aqui que crescimento sozinho resolve, mas que sem crescimento não tem solução. Os exemplos históricos são abundantes. Qual é o problema, então? “Desenvolvimento” virou palavra proibida. Um desafio mais complicado para os países que ficaram para trás, e cuja ascensão econômica agora é combatida pelos que hoje andam na frente como um risco à sobrevivência da humanidade.
Bolsonaro está colhendo os frutos amargos por ter subestimado a necessidade de encaixar a demanda brasileira de desenvolvimento no mindset da hora em escala global. Lula corre o risco de ficar preso na tentação do discurso fácil, na lógica do determinante da matriz nula. Ele é sempre zero. A conhecida interpretação lato sensu do princípio da precaução. Ou seja, se algo representa risco, não faça, até reduzir esse risco a zero, ou perto de zero.
E se tanto Bolsonaro quanto Lula tentarem contornar o desafio, em vez de enfrentar? E se preferirem fixar o discurso na rejeição ao antípoda? Costuma funcionar em países como os Estados Unidos, onde só tem havido dois candidatos viáveis. Mas no Brasil acaba deixando um buraco na defesa, para alguém que diga simplesmente que em vez de ficar brigando vai se concentrar em fazer a economia crescer e gerar os urgentes milhões de empregos.
E explicar como.
*Alon Feuerwerker é Analista Político da FSB Comunicação
Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a Exame. O texto não reflete necessariamente a opinião da Exame.
A PHP Biotech, empresa de P&D dedicada a desenvolver um medicamento para o tratamento do câncer de mama do tipo triplo negativo, também tem ganhado destaque nas rodadas de investimento. Recentemente ela captou R$ 779 mil através do equity crowdfunding realizado pela Wishe,plataforma de conexão, inteligência de negócio e investimentos em startups criadas ou lideradas por mulheres.
“A Wishe tem como propósito aumentar o acesso a capital para startups inovadoras com liderança feminina, visando gerar mais oportunidades de investimento em negócios de impacto, além de aumentar o número de mulheres investidoras no mercado”, afirma Rafaela Bassetti, CEO da Wishe.
A escolha de direcionar parte da captação ao equity crowdfunding se deu com o objetivo de possibilitar o investimento aos mais variados perfis de pessoas investidoras.
“Escolhemos a Wishe justamente por ela ser uma plataforma de investimento focada exclusivamente em startups lideradas por mulheres e que ofereçam negócios de impacto social. Além disso, nosso objetivo era possibilitar a participação de mais pessoas, gerando pertencimento a essa construção em busca do câncer de mama triplo negativo”, diz Moacyr Bighetti, CEO da PHP.
O investimento será utilizado em testes pré-clínicos que permitem a elaboração do dossiê regulatório, documentação necessária para demonstrar a eficácia e a segurança, para que junto da autorização do FDA (Food and Drug Administration) a PHP possa iniciar a fase de testes clínicos em humanos.
Com a rodada da PHP, a Wishe completa três captações bem sucedidas em sua plataforma de equity crowdfunding desde o seu lançamento em março deste ano.
“Essa rodada foi uma oportunidade para o investidor pessoa física investir em algo inovador e de ponta, pois é o tipo de ativo que normalmente somente investidores institucionais têm acesso”, declara Rafaela Bassetti.
Buscando aumentar o número de mulheres investidoras no mercado, as captações da Wishe mostram que a startup tem conseguido mudar o perfil médio de investidores do mercado. Nesta rodada, 63% das pessoas investidoras foram mulheres, mas contou também com a participação de homens, pessoas jurídicas e um perfil bastante diverso em relação aos cheques, que variaram de R$ 5 mil a R$ 200 mil.
“Por se tratar de algo diferente do perfil de startup que normalmente faz crowdfunding, foi bastante desafiador para nós educarmos o investidor comum, mas estamos muito felizes de poder contar mais essa história de sucesso”, diz a CEO da Wishe.
Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a Exame. O texto não reflete necessariamente a opinião da Exame.
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Um grupo de empresas do setor turístico oficializou nesta semana uma proposta de compra pelo parque Hopi Hari, em São Paulo.
Fazem parte do consórcio de compradores os parques Beto Carrero World, Playcenter e Wet’n Wild, além de Senpar, RTSC e KR Capital.
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Em nota, a assessoria de imprensa do Beto Carrero World afirmou que a aquisição do Hopi Hari será “o começo de um grande investimento turístico” na região.
O projeto inclui a quitação de dívidas e investimentos na melhoria da estrutura. A proposta foi apresentada na última terça-feira, 26, no âmbito do processo de recuperação judicial do Hopi Hari, que corre desde 2016.
A aprovação da compra fica agora a cargo da assembleia de recuperação judicial, que analisa o caso no próximo dia 3 de novembro.
Inaugurado em 1999 e até hoje um dos principais destinos do setor no Brasil, o Hopi Hari fica em Vinhedo, a 81 quilômetros da capital paulista.
O parque vive imbróglios financeiros e administrativos desde a fundação, com mudanças societárias e chegando a fechar por vários meses, até ser reaberto pela última vez em 2017. Durante a pandemia da covid-19, o espaço também passou meses fechado devido às medidas de segurança sanitária.
Ao todo, a proposta do grupo comprador inclui quitação das dívidas (que ultrapassam 250 milhões de reais, segundo as informações oficiais) e “investimentos para a recuperação sustentável” do empreendimento.
O plano de investimentos pode chegar ainda a outros 150 milhões de reais em projetos de melhoria do parque, o que incluirá, segundo os compradores, criação de empregos e receitas fiscais.
Segundo os investidores, o plano conta com apoio dos principais credores, incluindo a empresa de previdência PrevHab e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Em nota, o Beto Carrero disse que aguarda a assembleia e espera que o Hopi Hari seja “administrado por quem realmente entende de turismo, entretenimento e diversão para as milhares de família brasileiras”.
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O popular Clube dos 27 é um assunto enigmático no universo musical. Afinal, ele indica a idade com que alguns dos ícones da música partiram para outra dimensão astral. Em outras palavras, estamos falando do rol de artistas que morreram aos 27 anos.
Além de compartilharem a mesma idade da época de suas respectivas morte, os artistas do Clube dos 27 compartilham o fato de serem destaque. Nesse sentido, são talentos que realmente fizeram a diferença em sua área de atuação. Logo, os nomes que fomentam essa lenda (ou maldição, para alguns) reúnem todos os requisitos para serem eternizados nas mentes e nos corações de um infinito de pessoas.
Ao contrário do que muitos pensam, essa idade não é um fenômeno típico das décadas de 60 e 70, ou seja, essas mortes prematuras acontecem desde sempre. O que fica, no entanto, é a saudade e o dever moral de honrar esses legados.
As grandes perdas do Clube dos 27
A história da música é repleta de artistas que morreram aos 27 anos. Neste artigo, vamos relembrar algumas dessas perdas. E só pra constar, o Clube dos 27 não é exclusivo para rock stars, conforme você confere a seguir.
Robert Johnson – Mestre do blues
Protagonista da história do blues, o músico Robert Johnson morreu em agosto de 1938. Segundo alguns, Robert foi envenenado em um bar, após tentar “talaricar” o dono do estabelecimento. De acordo com lendas urbanas, no entanto, o mestre Delta Blues teria vendido sua alma ao diabo em troca de um surreal talento para tocar guitarra. Em outras palavras, Johnson inovou a história da música, mas o diabo “cobrou” a dívida.
No final das contas, a causa da morte do primeiro guitar hero da história nunca foi esclarecida. Enquanto tira suas conclusões, que tal ouvir a viciante Sweet Home Chicago?
Brian Jones – Rolling Stones
No já distante 3 de julho de 1969, o músico Brian Jones foi encontrado afogado na piscina de sua casa. De acordo com a certidão de óbito, a morte foi acidental. Pouco antes de morrer, o exagerado consumo de drogas fez com que Jones fosse convidado a se retirar da banda que ajudou a fundar: The Rolling Stones.
Entre outras coisas, Brian era multi-instrumentista (tocava instrumentos de corda, sopro, percussão e eletrônicos). Além disso, ensinou Mick Jagger a tocar gaita e fez Keith Richards ser o maior dos outsiders do rock. Abaixo, você confere Brian tocando sitar na hipnótica Paint it Black.
Jimi Hendrix – guita hero
O legendário guitarrista Jimi Hendrix morreu asfixiado pelo próprio vômito em um quarto de hotel, na Inglaterra, no dia 18 de setembro de 1970. Na ocasião, Hendrix consumia bebidas e drogas sem a menor moderação.
Com sua capacidade suprema de dominar as técnicas de improvisação musical, Hendrix, inovou a guitarra elétrica nos 60. Com muito feeling e sagacidade, o “canhotinha de ouro” sabia como propor as mais mirabolantes soluções melódicas e harmoniosas. Antes de aprender a tocar Hey Joe, confira como o cara incendiava tudo.
Janis Joplin – rockeira americana
No dia 4 de outubro também de 1970, o mundo perdeu outro grande talento da música. A cantora Janis Joplin teve uma overdose de heroína e faleceu na cidade de Los Angeles, na Califórnia.
A voz de Janis é uma eterna força da natureza. Além de potencializar a representatividade feminina no rock, a cantora foi expoente do flower power. A morte dela, no entanto, nos ajudou a entender que o sonho estava, de fato, chegando acabando.
Jim Morrison – The Doors
No dia 3 de julho de 1971, Jim Morrison morreu na banheira de seu apartamento, em Paris. O relatório oficial diz que um ataque cardíaco tirou a vida do então vocalista da banda The Doors. Cinquenta anos após a sua morte, no entanto, ainda circulam teorias de overdose e assassinato.
Com sua voz potente e com sua poesia, que ia o hedonismo às crises existenciais, Jim personificou o tripé “sexo, drogas e rock and roll”. Além disso, o cantor sempre será um das personalidades mais inteligentes, sensuais e carismáticas da cultura pop.
Para celebrar o legado do King Lizard, vamos curtir o clássico Break On Through.
Evaldo Braga – astro da música brega
Ícone da música brega, bem como importante para o soul brasileiro, Evaldo Braga fez muito sucesso na década de 1970. O cantor morreu em um acidente de carro na BR-3 (atual BR-040), em 31 de janeiro de 1973, quando seu Volkswagen TL chocou-se de frente com uma carreta Scania Vabis.
Também chamado “O Ídolo Negro”, Evaldo deixou hits eternamente populares, incluindo a inconfundível Sorria, Sorria.
Pete Ham – Badfinger
O galês Pete Ham foi guitarrista e um dos vocalistas da banda Badfinger, expoente do rock britânico das décadas de 60 e 70. Por volta de 1974, o grupo mergulhou em problemas financeiros com sua gravadora. A situação ficou insustentável, no entanto, quando um dos empresários fugiu com o dinheiro. Sentindo-se culpado por não conseguir manejar a crise, Ham cometeu suicídio por enforcamento, em 24 de abril de 1975, deixando sua namorada grávida.
Como legado, o Badfinger deixou hits do naipe de No Matter What, Day After Day e Baby Blue, esta última foi trilha da última cena da série Breaking Bad (2010).
André Pretorius – Aborto Elétrico
O sul-africano André Pretorius morreu por overdose de heroína, no dia 13 de outubro de 1988, na Alemanha. Cerca de 10 anos antes, no entanto, Pretorius morava em Brasília e foi um dos fundadores do Aborto Elétrico, banda seminal do punk brasileiro.
Atuando como guitarrista e compositor do Aborto, Andre foi coautor das faixas Benzina, Baader-meinhof Blues Nº 1 e Música Urbana, músicas posteriormente aproveitadas pela banda Capital Inicial.
Kurt Cobain – Nirvana
Kurt Cobain entrou para o Cube dos 27 no dia 8 de abril de 1994. De acordo com as investigações policiais, “a alma” do Nirvana cometeu suicídio três dias antes nas dependências de sua casa, em Seattle. Porém, boa parte de seus fãs acreditam que ele foi assassinado.
Comandando o Nirvana, Cobain ajudou a reinventar o rock dos anos 90. Apostando na estética sonora da simplicidade, além das letras confessionais e pessoais, o artista foi um sopro de renovação em tempos tão repetitivos. Após dar o play no vídeo abaixo, que tal aprender a tocar Come As You Are no violão?
El Potro – cantor de cuarteto
Rodrigo “El Potro” Bueno foi um cantor argentino de cuarteto, gênero da música popular da Argentina, caracterizado por ser alegre e festivo. Rodrigo morreu no dia 24 de junho de 2000, depois de um show em La Plata, num acidente de carro em uma rodovia que leva a Buenos Aires. Na ocasião, o artista perdeu o controle de seu Ford Explorer, bateu contra a barreira de contenção, e foi projetado do veículo, pois não estava usando o cinto de segurança.
Um dos grandes sucessos de El Potro foi a música La Mano de Dios, faixa que exalta a trajetória de Diego Maradona.
Amy Winehouse – pop star britânica
O Clube dos 27 ficou ainda mais triste no início da tarde de 23 de julho de 2011. Naquele dia, a cantora Amy Winehouse foi encontrada morta na casa em que morava, no bairro de Camden, em Londres. Amy tinha um longo histórico envolvendo uso de drogas, bebidas e tentativas de reabilitação.
Apesar do pouco tempo de vida, bem como de carreira, o talento da cantora é indiscutível. Com bastante carisma, timbre inconfundível e ótima afinação, Amy sacudiu a música do século XXI. Antes de aprender a tocar a versão simplificada da música Valerie, dê o play e mate um pouco a saudade.
Outros artistas que morreram aos 27 anos
O Clube dos 27 não é formado somente pelos artistas acima. Abaixo, você confere algumas menções honrosas.
Rudy Lewis, vocalista do The Drifters, 20 de maio de 1964, overdose
Alan “Blind Owl” Wilson, guitarrista do Canned Heat, 3 de setembro de 1970, overdose de barbitúricos, provável suicídio;
Les Harvey, guitarrista do do Stone the Crows, 3 de maio de 1972, eletrocutado ao tocar em um microfone com os pés molhados
Ron “Pigpen” McKernan, tecladista e vocalista do Grateful Dead, 8 de março de 1973, hemorragia gastrointestinal em decorrência de alcoolismo
Dave Alexander, baixista do The Stooges, 10 de fevereiro de 1975, edema pulmonar
Kristen Pfaff, baixista do Hole, 16 de junho de 1994, overdose de heroína
Valentín Elizalde, cantor de corrido [música mexicana], 25 de novembro de 2006, assassinado a tiros por um membro do cartel Los Zetas
Jonghyun, membro do grupo de k-pop SHINee, 18 de dezembro de 2017, suicídio por envenenamento
Fredo Santana, rapper americano, 19 de janeiro de 2018, convulsão fatal
Por fim, nunca saberemos se o Clube dos 27 é uma infeliz coincidência ou se é uma sina sobrenatural. Essa incerteza, inclusive, é bem pequena perto da saudade e do legado que cada um desses artistas deixou.
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Se você costuma culpar o ascendente e os astros pelo estresse do dia a dia, está na hora de tirar alguma vantagem disso. A Nestlé lançou a campanha “ChocoAstral”, que dá chocolates grátis por um ano de acordo com as previsões astrológicas para cada signo.
A empresa criou uma plataforma de comunicação voltada a geração Z, ou seja, jovens com idades entre 15 e 25 anos e que realiza mapas astrais e previsões astrológicas em tempo real. A campanha é assinada pela agência de publicidade GUT e tem apoio estratégico da Astrolink, um dos principais portais de astrologia do país.
A proposta é premiar jovens mais “prejudicados” por seus mapas astrais que, por sua vez, são feitos no próprio site da campanha. As previsões de cada signo dão direito a descontos nos produtos da Nestlé, e quem levar a pior, ganha um ano de chocolates grátis.
“Nestlé está criando a plataforma ChocoAstral para reforçar o papel do chocolate de suavizar as tensões. Todas as vezes que as previsões dos astros não forem favoráveis, o consumidor poderá recorrer aos nossos chocolates para deixar os dias mais doces e cremosos.”, afirma Mariana Marcussi, Gerente de Marketing de Chocolates da Nestlé.
“Chocolate já é uma paixão nacional e astrologia têm se tornado cada vez mais uma paixão , então porque não somar estes 2 assuntos e compensar as pessoas que de alguma forma se sentem impactadas pelo próprio mapa astral?” diz Rafael Parigi, porta-voz do Astrolink.
Para realizar o mapa astral e consultar a chance de receber descontos, basta acessar o link.
A pandemia fez com que milhões de consumidores na América Latina fizessem suas primeiras compras online por conta da necessidade. Não à toa, somos hoje e pelos próximos 5 anos, a região que mais crescerá no mundo quando o assunto é e-commerce. Por parte dos consumidores, essa necessidade quebrou a barreira do desconhecimento e se converteu em novos hábitos, guiados pela praticidade, entregas rápidas e preços mais acessíveis.
Ao combinar esse novo comportamento com melhorias de pagamento, logística e tendo as redes sociais dominando a atenção do consumidor, criou-se um vácuo temporal de oportunidade no qual empreendedores pudessem brigar contra os gigantes do consumo. A prateleira digital, diferente das lojas físicas, é infinita e fica a um clique de distância. Hoje, sai na frente quem desenvolve uma comunidade forte e consegue acompanhar a velocidade das mudanças culturais.
Dito isso, é evidente que a próxima década será transformadora para as empresas que estiverem de fato preparadas. Mas, como os empreendedores podem se planejar para essa revolução? Será que estão prontos para aproveitar esse vácuo temporal de oportunidade que se abriu?
Você deve ter acompanhado meus últimos artigos, em que compartilho os principais problemas que os empreendedores digitais enfrentam e como precisam se atentar às novas oportunidades que estão surgindo. Hoje, quero falar sobre algo que tenho acompanhado há algum tempo, e tenho certeza que crescerá ainda mais dado as oportunidades imensas que temos no cenário atual latinoamericano.
Estou falando dos modelos de agregadores, empresas consolidadoras de marcas que são grupos, como Unilver ou P&G, porém focados exclusivamente em marcas que vendem produtos no ambiente digital. De forma similar a tais gigantes de consumo, os agregadores consolidam marcas para ganhar economia de escala e eficiência. No entanto, diferentemente deles, são capazes de injetar crescimento nas empresas digitais justamente nas lacunas e áreas que estas não conseguem por conta própria, como acesso a capital, tecnologia, escala e expansão internacional, por exemplo. Vou traçar aqui um paralelo para deixar clara minha visão sobre como o ecossistema de empreendedores pode se beneficiar desses modelos agregadores.
A grande maioria das empresas digitais, mesmo investindo em tecnologia e inovação, encontram barreiras intransponíveis de capital, tecnologia e marketing, que tornam praticamente inviável que consigam sozinhas escalar por meio de fluxo de caixa e recursos próprios.
Normalmente, esses obstáculos envolvem muitas dificuldades em alcançar um financiamento, na estratégia de construção de marca, processos e ferramentas para escalar a empresa, desafios de aquisição de novos clientes e uso de tecnologia como parte central do negócio. Porém, apesar de alguns gargalos parecerem óbvios, o empreendedor normalmente se encontra sozinho nas tomadas de decisão e saber lidar com eles requer uma compreensão muito ampla da operação, do mercado e do consumidor. Crescer uma empresa de 1 milhão para 10 milhões e para 100 milhões exige práticas e conhecimentos completamente diferentes, além de uma visão inovadora, capaz de promover uma disrupção.
Entendendo as principais barreiras e as combinando com as oportunidades que se abriram no mundo digital, tais agregadores surgem como um parceiro de aceleração. Através de fácil acesso a capital e de suas plataformas de serviço, conseguem enxergar o macro, identificar os “pontos fracos” das empresas digitais e injetar crescimento onde é necessário para que elas possam escalar de forma rápida e se consolidarem no mercado.
Normalmente, esses parceiros de crescimento possuem a expertise de um time composto por executivos experientes que já fizeram isso antes. Adicionalmente, oferecem uma camada robusta de tecnologia capaz de coletar e analisar cada dado gerado e assim definir qual tipo de recurso deve ser aplicado para trazer o melhor resultado – o que normalmente resulta em aumento de receita e diminuição de custos.
E, quando falo em análise de dados, não estou falando daquilo que todo mundo “diz que faz” hoje em dia, estou falando em “negócios inteligentes” com tecnologia capaz de compreender os dados gerados e propor decisões automatizadas, com uso de Inteligência Artificial, por exemplo. Até porque, se há um ou dois anos falávamos em dados como ferramenta do futuro, hoje, o importante é como trabalhar esses dados a seu favor, orientando tanto na operação como na estratégia. E aí, é extremamente difícil que as empresas digitais tenham acesso a tais ferramentas e competências somente com o próprio crescimento.
Em paralelo a tudo isso, gostaria de retomar o assunto sobre a mídia fragmentada, influenciadores dominando a atenção dos consumidores e como isso impactará as empresas do futuro. O Brasil e o México estão entre os top 4 dos países em que o poder de decisão e escolha de um produto ou serviço é baseado no endosso de celebridades e criadores de conteúdo.
Enquanto que nos Estados Unidos o número de pessoas influenciadas por essas personalidades é de 10%, aqui no Brasil esse número salta para 40%. Mesmo com quase um quarto do poder de influência, nos EUA o investimento nas mídias digitais é quase o dobro que em nosso país. Lá, notamos grandes cases de marcas ligadas a celebridades que evidenciam o poder de unir marcas e creators, como o caso da marca de Gin Aviation, que tinha como sócio o ator Ryan Reynolds e foi vendida por 3,3 bilhões de reais.
Já no Brasil, vemos esse potencial ser muito pouco explorado. Ou seja, mesmo com os dados escancarados, algumas empresas ainda resistem em criar estratégias e não aproveitam esse imenso oceano azul de possibilidades.
Relacionando esse fato ao surgimento de agregadores, fica nítido que a estratégia de influenciadores será importante para dar tração aos negócios. Para escalar, será necessário combinar essa tendência com a utilização de softwares capazes de compreender hábitos dos consumidores e mais ainda, ter ao lado a expertise de mentes inovadoras que conseguem enxergar o todo, de forma ampla, que já sabem o que é possível fazer para crescer.
Esses agregadores estão focados diretamente nas grandes alavancas de valor das companhias, compreendem os desafios-chave do empreendedor – e dos principais drivers de crescimento – e conseguem direcionar essas companhias para o melhor caminho.
Se você ainda não ouviu falar sobre os agregadores, talvez os conheça como “ecossistemas de marcas”. Uma das mais famosas que conhecemos é a Thrasio, por exemplo. O modelo da empresa funciona muitíssimo bem, 1 a cada 8 famílias nos EUA utilizam algum produto das empresas da Thrasio. No entanto, existe um grande porém. Seu modelo se encaixa muito bem nos EUA, mas tem diversas limitações para a América Latina.
Então, você deve estar se perguntando, o que é importante estar atento e o que tem de tão diferente, já que o setor de e-commerce não é tão recente assim por aqui. Certo?
Para começar, eles são focados em pequenos comércios eletrônicos e familiares que vendem somente na Amazon, os chamados Fulfillment by Amazon Business. Funciona pois nos EUA esse negócio está anos mais avançado do que na América Latina, já possuem um histórico de empresas mais maduras. O foco da Thrasio é em negócios que faturam de 10-20 milhões de dólares, normalmente em múltiplas categorias de produtos com características mais funcionais do que emocionais. Ou seja, negócios que não levam muito em conta a construção de marca onde o diferencial são estratégias para potencializar os produtos na Amazon, comprando muitas empresas para escalar a receita do grupo Thrasio e sua valorização como um todo.
Na América Latina, por outro lado, quando falamos do mesmo mercado lidamos com marcas que têm pouca conexão com o consumidor e a grande maioria revende produtos importados de segunda e terceira linha. Tais empresas aqui também ainda não atingiram o mesmo nível de maturidade.
Assim, consolidar esse perfil de vendedor simplesmente não dá certo. Na América Latina, o modelo que vai funcionar é bem diferente. Para vencer aqui, será preciso encontrar os melhores negócios, poucos e bons e dar uma escala massiva. Acredito que aqui, ao invés de quantidade, é um jogo de profundidade, construção de comunidade e os intangíveis que só uma marca autêntica pode proporcionar no longo prazo.
O que fica cada vez mais nítido é que, atualmente, o cenário da América Latina é muito particular, mas ao mesmo tempo bastante animador. Conseguimos enxergar uma gama imensa de oportunidades, mas é fundamental que as empresas estejam preparadas para analisar o contexto como um todo e identificar onde estão suas melhores chances de crescimento.
Não duvido de forma alguma da capacidade de crescimento dos empreendedores brasileiros. No entanto, tendo em vista as barreiras existentes e as oportunidades que se abriram, um modelo agregador pode ser uma baita pisada no acelerador. Com ele, é possível desenvolver um modelo de negócio mais escalável e sustentável. Mais do que estar preparado para fazer parte de um ecossistema, seu negócio precisa ter bases sólidas para aproveitar o melhor que esse sistema tem a oferecer.
E, meus amigos, que fique claro: o futuro do e-commerce na América Latina é esse!
Sobre Rapha Avellar
Rapha Avellar é um empreendedor em série e fundador da Adventures, primeira Brandtech da América Latina e uma das mais promissoras startups do país, que está criando o maior ecossistema de marcas nativas digitais das Américas. Antes disso, criou uma das empresas de mídia de crescimento mais rápido no Brasil antes da Adventures e levou a empresa da família de uma receita de R$ 3 milhões para R$ 30 milhões em 5 anos. Líder nato, comanda mais de 300 pessoas na Adventures e tem um histórico impressionante em negócios de crescimento rápido, acumula mais de 500 mil seguidores e milhões em alcance mensal em todas as mídias sociais, sendo um dos líderes mais influentes em marketing e empreendedorismo de sua geração. Além disso, conta com mais de 1 milhão de plays em seus podcasts, The CMO Playbook e Nas Trincheiras.
A Black Friday está chegando e, com ela, vem a mobilização de fabricantes e de lojas para atender à demanda do consumidor. No último ano, só no comércio eletrônico, a data movimentou 7,72 bilhões de reais, crescimento de 27,7% em relação a 2019, segundo dados da Neotrust|Compre&Confie. Segundo a GfK, que considera o varejo on e offline, a data movimentou cerca de R$ 23 bilhões. E previsões da consultoria multinacional apontam que 79% dos consumidores querem gastar na data neste ano — o que pode repetir o sucesso. Mas, mesmo com motivos de sobra para comemorar, a consultoria acredita que há muita ineficiência em todo esse processo, especialmente na relação indústria-varejo. Não só na Black Friday, mas no ano todo. Para tentar corrigir esse problema, a empresa traz ao mercado uma nova plataforma, chamada gfknewron.
Inovação abre um mundo de oportunidades para empresas dos mais variados setores. Veja como no curso Inovação na Prática.
Em linhas gerais, trata-se de uma plataforma que funciona no modelo Software-as-a-service, que coleta dados de venda de varejistas e fornece essas informações à indústria. Até aí, nada de novo sob o sol. O “pulo do gato” da multinacional está em cruzar informações de diferentes lojas e fornecer aos fabricantes não só os dados das próprias vendas, mas a possibilidade de estimar o próprio impacto em relação aos concorrentes.
“Por exemplo: se uma fabricante de geladeiras quer aumentar preços do próprio produto, geralmente ela conseguiria ver apenas o impacto da própria linha de produtos no varejo. Com a nossa nova ferramenta, ela consegue perceber o impacto no setor como um todo, entendendo quanto de participação de mercado ela pode ganhar ou perder em relação à concorrência, em cada região do país”, diz Felipe Mendes, presidente da GfK América Latina, à EXAME.
Para garantir isso, a empresa se vale de três pilares: a confiança em atuar no varejo há mais de 50 anos de forma global, o fato de cobrir cerca de 90% das vendas realizadas no Brasil (compreendendo tanto on-line quanto offline) e o investimento em tecnologia para criar um algoritmo capaz de simular cenários para a indústria compreendendo pelo menos uma dezena de variáveis que podem ser customizadas de acordo com a necessidade de cada fabricante.
E, para ajudar a convencê-los do benefício que os dados podem trazer, a consultoria fez uma estimativa a partir dos dados coletados. “Hoje, 180 bilhões de reais são monitorados pela GfK, conseguimos monitorar todas as categorias de produtos vendidas no Brasil. A partir de uma análise de todo esse processo, concluímos que muitas partes podem ser aperfeiçoadas a partir dos dados. Por exemplo, se as fabricantes desperdiçassem 1% menos produtos, teriam uma economia de R$ 460 milhões ao longo de um ano”, diz Felipe. A conta também chega ao varejo: se as varejistas dessem 1% menos de desconto durante o ano, elas gerariam 1,8 bilhão de reais a mais em faturamento.
Por enquanto, a GfK tem quatro clientes utilizando a ferramenta no Brasil (entre os 59 que a companhia atende com análises de mercado). Para 2022, a meta é ter pelo menos um terço desse total presente na gfknewron. Além disso, a companhia projeta uma versão do software específica para atender às varejistas, contribuindo também para que consigam ter acesso aos mesmos algoritmos e conseguir prever precificação e de descarte com maior assertividade.
Em um mundo com uma necessidade cada vez maior de dados (e menos de uma análise de mercado clássica), a GfK quer mostrar ao setor que está pronta para fazer uma transição completa para o mundo digital. Fornecendo respostas como “quem comprou o que e a que preço?” e “por que esse produto foi comprado?” a ideia da companhia é crescer, cada vez mais, no meio digital.
Dá para dizer que é um passo a mais no compromisso firmado desde 2017, época em que o fundo KKR, conhecido pelo investimento em companhias de mídia, investiu na GfK para tornar a companhia uma líder de mercado com DNA forte em tecnologia. Indiretamente, também coloca a companhia em uma posição de maior competitividade contra a concorrência, como Nielsen, Kantar e Ipsos (ainda que cada uma tenha um nicho bastante definido de atuação — e a GfK tenha certa distância competitiva na comparação entre países do mercado de bens duráveis). De todo modo, não dá para ficar parado — e a consultoria entendeu isso.
“Queremos democratizar o acesso a dados relevantes e nosso principal intuito é o de que empresas de todos os portes possam adquirir esse serviço. Acreditamos muito nele e vamos continuar investindo cada vez mais em tecnologia”, diz Felipe.