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Chás para emagrecer: as bebidas que prometem combater o inchaço

Nos últimos anos, os chás e infusões têm atraído um número crescente de pessoas pelo seu potencial emagrecedor. Vira e mexe uma erva rouba a cena. Já foi o chá-verde. Depois o hibisco. Agora é a vez de uma mistura: uma combinação de folhas de chá-verde, mate verde, hortelã, sálvia, carqueja e alecrim, além do pó da raiz desidratada do gengibre e da semente de guaraná.

A fórmula é comercializada por marcas como Desinchá e Herbal Nutrition e também pela rede de produtos naturais Mundo Verde. A proposta? Acabar com a retenção de líquidos e, claro, viabilizar o emagrecimento. Para ter ideia do sucesso, a Desinchá, primeira a lançar a receita, cresceu 2 740% nos primeiros seis meses de atuação, e está em mais de 7 mil pontos de vendas pelo país.

“O blend oferece um estímulo diurético, que ajuda na eliminação de líquidos pelo corpo. Além disso, combate a formação de gases”, explica a nutricionista Ana Paula Montemor, consultora da Desinchá, de São José dos Campos, no interior paulista. “A combinação ainda apresenta ação termogênica, ou seja, eleva o gasto calórico e facilita o emagrecimento”, acrescenta.

Como se não bastasse, a especialista cita propriedades anti-inflamatórias, que tornariam o organismo mais saudável. Para experimentar tudo isso na prática, a sugestão é consumir de um a dois sachês do chá por dia — quente ou frio, fica a critério do freguês.

Mas, antes de comprar a ideia (e os produtos), é preciso gerenciar as expectativas. Ora, não basta só tomar as xícaras por algum tempo e, pronto, a barriga vai embora. Apesar de soar clichê, não existem milagres quando o assunto é a perda de peso.

“Em geral, o efeito dos chás no emagrecimento é discreto. Quem busca esse objetivo precisa adotar uma alimentação balanceada, praticar exercícios físicos regularmente e ter um sono de boa qualidade”, defende a nutricionista Clarissa Hiwatashi Fujiwara, da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica, a Abeso. A bebida seria, assim, um coadjuvante no processo.

Conheça cada ingrediente do mix que tem feito sucesso no mundo do emagrecimento

Sálvia: esta erva reúne certos ativos, como óleos essenciais e flavonoides, que combatem a formação de gases e são diuréticos.

Mate verde: tem papel antioxidante, anti-inflamatório, diurético e lipolítico, ou seja, aumenta a queima de gordura devido à presença de xantinas.

Hortelã: contribui para a digestão de proteínas e, por causa do mentol, favorece os movimentos intestinais e reduz a formação de gases.

Gengibre: a raiz possui bioativos com ação anti-inflamatória e diurética, além de acelerar o metabolismo e estimular a queima de gordura.

Guaraná: a semente da planta usada nos chás apresenta substâncias que elevam o gasto calórico e baixam o colesterol.

Chá-verde: é diurético e dá pique. Graças às catequinas, combate os radicais livres que atormentam as células e ajuda a impedir o acúmulo de gordura.

Carqueja: melhora a digestão e impede o acúmulo de gordura nas células. Também evita a retenção de líquidos.

Alecrim: concentra substâncias que previnem o estufamento causado pelos gases e exibe potencial antioxidante e anti-inflamatório.

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Como os chás ajudam no emagrecimento

Nunca é demais reforçar que o ganho de peso e o inchaço são influenciados por vários fatores, como estilo de vida sedentário, alimentação desequilibrada, excesso no consumo de sal, baixa ingestão de água e até alterações hormonais. Sem falar que o metabolismo de cada pessoa é diferente. Sozinho, um chá não tem poder para driblar tudo isso. Mas será que a nova mistura de plantas é especialmente eficaz?

“Por ter uma quantidade limitada de cada ingrediente, a fórmula acaba restringindo a ação das ervas”, avalia Vanderli Marchiori, nutricionista e presidente da Associação Paulista de Fitoterapia. “Por outro lado, pode haver uma sinergia entre elas. Mas, para confirmar isso, é necessário fazer um estudo com o blend na proporção em que é vendido. Hoje, não temos esses dados”, completa.

De fato, algumas ervas isoladas e em maiores concentrações são capazes de oferecer ótimos resultados, informa a nutricionista especialista em fitoterapia Roseli Rossi, da Clínica Equilíbrio Nutricional, na capital paulista. É o caso do chá-verde, feito a partir da planta Camellia sinensis — que também dá origem ao chá-branco e ao chá-preto.

Pesquisadores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq) já testaram a bebida durante dois meses entre mulheres acima do peso e verificaram que ela impulsionou o emagrecimento — principalmente quando aliada ao exercício.

Um dos motivos é a alta concentração de catequinas, que parecem favorecer a quebra de gorduras. Já a cafeína presente na planta contribuiria para a transformação dessa gordura em energia.

Outra espécie parceira é a erva-mate, nativa do Brasil — opção mais barata do que o blend, diga-se. De acordo com um estudo sul-coreano, pessoas com sobrepeso que consumiram cápsulas com a erva tiveram uma redução no percentual de gordura corporal após 12 semanas de uso.

Mas uma pesquisa nacional, da Universidade Federal de Santa Catarina, chegou a identificar efeito emagrecedor da própria bebida entre indivíduos com alteração no colesterol. A cafeína (mais uma vez!) e as propriedades diuréticas do chá-mate responderiam pela façanha.

Opções para atuarem como parceiras na perda de peso não faltam. Mas, se você curtiu pra valer o gostinho daquele mix de oito ingredientes, vá em frente. “É uma maneira de ingerir mais líquidos com prazer e sem calorias. Desde que não seja adicionado açúcar à preparação, claro”, diz Vanderli.

“Esse mix também ajuda a controlar a vontade de doce, uma vez que estimula as papilas gustativas a aceitarem melhor os sabores amargo e azedo”, observa Ana Paula.

Não dá para negar que uma infusão ao natural, seja de qual tipo for, cai melhor do que bebidas açucaradas, como achocolatado, refrigerante e néctar. Ainda assim, nada de exagerar na quantidade, tá? “O consumo, em geral, não deve ultrapassar 1 litro por dia, justamente por conter substâncias diuréticas e estimulantes”, lembra Vanderli. Bom senso é bem-vindo até na hora do chá.

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Dicas que fazem a diferença na hora de consumir a sua infusão preferida

Melhor não adoçar: prefira tomar o chá sem açúcar. Assim, evita-se incluir mais calorias na dieta. Se achar difícil de engolir, bote um tiquinho de mel.

Prefira o natural: em geral, os chás prontos têm menos propriedades (e mais açúcar) do que os feitos com folhas secas ou saquinhos.

O tempo certo: “coloque a erva na água fervente e deixe por três a cinco minutos para liberar os fitoquímicos importantes”, ensina Vanderli Marchiori.

A proporção ideal: para cada sachê, use 250 mililitros de água. E, para cada litro, uma colher de sopa da planta seca. Diluir demais reduz os efeitos da erva.

Tem cafeína? Pense no sono: como a substância é estimulante, chás como o verde e o mate devem ser evitados a partir das 17 h para não interferir no descanso noturno.

Quando tomar: evite os chás no almoço e jantar. “Substâncias como a cafeína prejudicam a absorção de ferro dos alimentos”, diz Clarissa Fujiwara.

Não ignore o inchaço

Muitas vezes ele é resultado de situações como aumento da temperatura (que dilata os vasos), excesso no consumo de sal e até ação dos hormônios. No entanto, há casos em que o inchaço sinaliza questões mais sérias, a exemplo de doenças cardiovasculares, diabetes e problemas renais.

“Observe se ele incomoda, se persiste por mais de cinco dias e se há outros sintomas associados”, recomenda a médica Maria Fernanda Barca, doutora em endocrinologia pela Universidade de São Paulo. “Caso já tenha uma doença conhecida, procure o médico com urgência”, avisa.

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Alimentos “zero gordura trans” na verdade podem conter a substância

O Idec (Instituto de Defesa do Consumidor) divulgou recentemente um alerta sobre a gordura trans, a mais associada a problemas cardiovasculares e de saúde em geral. Em parceria com a Universidade de São Paulo, a entidade avaliou milhares de alimentos industrializados e concluiu que uma parte considerável contém a substância mesmo quando alega ser “zero trans” na embalagem.

Ela foi encontrada em 18,7% dos 11 mil produtos estudados, mas só 7,4% do total identificou sua presença. Portanto, menos da metade dos itens que contam com essa molécula em sua composição a acusam explicitamente no rótulo.

Entre os que declararam ser isentos do ingrediente, 11% dos salgadinhos, 9% de produtos de panificação e 8,4% dos biscoitos na verdade carregavam ao menos um pouco de gordura trans. A investigação foi feita em 2017 e o artigo científico está em revisão no momento.

Cabe destacar que essa aparente discrepância é prevista na nossa regulamentação. De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), produtos com até 0,2 grama (g) de gordura trans por porção podem alegar ter 0g na tabela nutricional, aquela que informa a quantidade de cada macronutriente segundo a ingestão diária recomendada. Já os que possuem até 0,1g por porção podem dizer que são “zero” ou “não contém” o ingrediente.

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A quantidade pode ser pequena, mas preocupa

A indústria alimentícia brasileira já reduziu nos últimos anos o teor de gordura trans utilizada em seus processos. Mesmo assim, ela continua sendo empregada. “Os fabricantes não estão errados, assim por dizer. Eles seguem a legislação vigente, só que as pessoas comem muito mais do que a porção indicada no rótulo”, destaca a nutricionista Regina Pereira, da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp).

Ou seja, parece pouco que haja 0,1g de gordura trans escondida em uma bolacha, mas o problema é que essa quantia está em uma única porção, não no pacote inteiro. No caso dos biscoitos recheados, por exemplo, uma porção via de regra equivale a três unidades.

Além disso, outros alimentos que mastigamos durante o dia podem conter essa inimiga da saúde. Aí, de pouco em pouco, acabamos nos enchendo dela.

“A gordura trans é muito barata e amplamente utilizada em barrinhas de cereal, balas, bolachas, sorvetes, salgadinhos, margarinas e até para fazer frituras vendidas a preços baixos na rua, como as coxinhas de um real”, destaca Regina. Nesse caso, é usada por ser estável e facilmente reaproveitada.

Como esse composto não é essencial ao organismo, não existe um nível recomendado de sua ingestão. Ou seja, quanto menos, melhor.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estipula que esse ingrediente não deve responder por mais de 1% das calorias totais de uma dieta. Se o indivíduo come 2 mil calorias ao dia, poderia ingerir até 2g de gordura trans ao dia.

“Para ter ideia, 25 gramas de biscoito de polvilho de algumas marcas já quase atingem essa quantidade” calcula Regina.

Como então detectar a gordura trans nos alimentos?

Não é tão simples, porque a tabela nutricional pode indicar 0g – e ela não está evidente mesmo na lista de ingredientes. O jeito é ler com atenção essa relação de itens utilizados no produto, ficando de olho em termos que denunciam sua presença. Quais?

“Qualquer coisa que leve a palavra hidrogenada, independentemente de ser óleo ou gordura, é trans”, ensina a Regina. Outras palavras podem indicar a presença dela (embora nem sempre isso seja verdade). São eles: margarina, creme vegetal e gordura vegetal.

O problema da gordura trans

Existe uma versão dela encontrada naturalmente em produtos de origem animal, como carnes e leites. Contudo, trata-se de uma dose pra lá de singela (e menos problemática). Quando os especialistas mencionam os danos provocados pela trans, eles se referem à versão hidrogenada, criada pela indústria. É esse tipo que estamos abordando nesta reportagem.

Seu consumo está associado ao aumento do colesterol ruim, o LDL, e à redução do HDL, o bom. “A gordura trans favorece a resistência à insulina, o hormônio que coloca o açúcar dentro das células, o que pode levar ao diabetes tipo 2”, ressalta Regina. “Ela ainda estimula a produção de agentes inflamatórios, que causam problemas cardiovasculares”, enumera.

Segundo a OMS, aproximadamente 540 mil mortes por ano no mundo são atribuídas ao consumo exagerado de gorduras trans industrialmente processadas.

Uma preocupação global

A Organização Mundial da Saúde tem como meta eliminar as gorduras trans da indústria alimentícia até 2023. Em maio de 2019, a entidade lançou um alerta sobre o assunto. Segundo a OMS, 110 países ainda não tomaram qualquer atitude para ao menos reduzir a concentração desse composto nas comidas processadas, o que deixa mais de 5 bilhões de pessoas expostas aos perigos de seu excesso.

Dinamarca, Estados Unidos, Chile e Tailândia estão entre as nações que já adotaram políticas que restringem ou banem de vez a trans das fábricas. Alguns desses locais já parecem sentir na prática a redução das mortes por doenças cardiovasculares.

No Brasil, a Anvisa discute atualmente formas de coibir o uso e pode em breve realizar uma audiência pública sobre o tema.

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Algum alimento pode atrapalhar o tratamento do câncer?

Uma pesquisa divulgada faz pouco pela Universidade Harvard, nos Estados Unidos, insinua que a leucina, um aminoácido amplamente encontrado na dieta, pode atrapalhar o tratamento do tipo mais comum de câncer de mama. Essa substância atua na saúde dos músculos e na manutenção das demais células do corpo – e está em carnes, leites e proteínas vegetais, como as leguminosas.

Os cientistas fizeram testes em células isoladas no laboratório, e descobriram que aumentar os níveis de leucina em conjunto com um tipo de tratamento também intensificava o crescimento do câncer de mama. Por outro lado, restringir o nutriente suprimia a atividade maligna.

Esse comportamento foi observado no tumor de mama com receptor de estrogênio. Esse subtipo responde por quase 70% dos casos da enfermidade.

A expectativa é que o achado seja usado para criar remédios que bloqueiem a ação da leucina nos tumores e, quem sabe, para desenhar intervenções na alimentação. O grupo testa agora essa segunda possibilidade, averiguando se cortar o composto da dieta de roedores com câncer de mama trará algum benefício.

Ponderações necessárias

“A relação entre leucina e resistência ao tratamento do câncer de mama com receptor de estrogênio não está bem estabelecida. Os estudos são preliminares, com experimentos realizados em cultura de células e camundongos”, avisa Patricia Jucá, oncologista e mastologista da unidade especializada nas mamas do Instituto Nacional do Câncer (Inca).

Ou seja, não dá para extrapolar o achado para seres humanos. “Fora que, quando pensamos na restrição de leucina, estamos falando em tirar proteínas da dieta, o que pode levar a perda de massa muscular, de força, e, assim, até a um prejuízo da resposta ao tratamento”, destaca Leticia Carniatto, nutricionista do A.C. Camargo Cancer Center, em São Paulo.

Ou seja, nem pense em fazer isso, principalmente por conta própria.

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Por que a leucina afetaria o tratamento do tumor?

Ainda não se sabe com clareza, mas o que as pesquisas iniciais apontam é que grandes quantidades dessa molécula podem elevar a proliferação desordenada das células do câncer e dificultar o processo de morte delas, que ocorreria com o medicamento.

Basicamente, é como se elas ficassem menos sensíveis ao fármaco. Aliás, o remédio testado foi o tamoxifeno, que bloqueia a ação do estrogênio nas células do tipo de câncer de mama que é estimulado por esse hormônio.

Alimentação e câncer

Por enquanto, não existem recomendações individualizadas para o tratamento de cada caso da doença. “Não há evidências consolidadas de que um único alimento atrapalhe ou melhore o combate aos tumores. É mais importante avaliar o padrão alimentar do indivíduo”, comenta Rachel Souza Thompson Motta, nutricionista do Inca.

Quando a doença dá as caras, o principal objetivo é manter o peso e garantir uma ingestão equilibrada de nutrientes – é comum que a balança suba ou desça na presença de um tumor maligno. Limitar o consumo de fast-food e outros itens ricos em gordura e açúcar é a maior recomendação nesse sentido.

Essa restrição ajuda ainda a prevenir ou controlar doenças crônicas como diabetes e hipertensão, o que reduz complicações associadas ao tratamento e melhora a qualidade de vida.

A falta de apetite associada à terapia eventualmente causa um quadro de desnutrição. Por isso, também é preciso caprichar no consumo de frutas, verduras e legumes, que garantem o aporte de substâncias benéficas para a saúde.

No mais, outras recomendações dietéticas que visam a prevenção do câncer também valem para quem luta contra ele. São elas: limitar o consumo de carne vermelha a 500 gramas por semana e maneirar nos embutidos e no álcool.

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Café da manhã: quem precisa dele?

Em seu dia a dia, a médica Flavia Cicuttini, professora de reumatologia da Universidade Monash, na Austrália, cuida de muita gente com artrose, problema marcado por desgaste e dor nas articulações. Sabe-se que o quadro é crônico e nutre relação íntima com o ganho de peso. Logo, evitar ou eliminar os quilos a mais é uma das medidas mais importantes para controlar o suplício das juntas. “Com o passar dos anos, fiquei impressionada com o número de pacientes que buscavam ajuda para emagrecer e eram aconselhados a tomar café da manhã“, conta Flavia. “Alguns deles se sentiam obrigados a fazer essa refeição, mesmo sem vontade alguma”, completa. Foi aí que surgiu uma pulga atrás da orelha da especialista: o desjejum seria, assim, tão indispensável?

Segundo a médica, a fama dessa refeição é respaldada por vários estudos observacionais, desses que seguem as pessoas e seus hábitos por um tempo. Muitos apontam que quem adere ao café da manhã tende a ser mais magro. “Só que podem existir outras diferenças entre esses indivíduos e aqueles que pulam a refeição”, pondera Flavia. “Talvez eles tenham um padrão de alimentação mais saudável como um todo”, exemplifica.

Para tirar a história a limpo, ela e um time de colegas resolveram revisar tudo que a ciência diz a respeito. E focaram nas pesquisas que minimizavam o efeito de outros fatores do estilo de vida no peso — afinal, o foco era o café da manhã. Chegaram, então, a 13 estudos.

“Descobrimos que quem comia de manhã costumava ingerir 260 calorias extras por dia e ganhava, em média, 0,44 quilo”, revela. E sabe aquele papo de que colocar algo no estômago logo cedo aceleraria o metabolismo? Não encontraram vestígios disso.

Na revisão, também faltaram provas de que os adeptos do desjejum se tornam menos propensos a episódios de gula mais tarde — algo que ajudou a abrilhantar a reputação do café da manhã e sedimentar seu pretenso título de refeição mais importante do dia.

Por que o café da manhã não seria obrigatório

Para a médica australiana, o conjunto de evidências indica que não há por que encorajar toda a população, sem exceção, a incluir o café da manhã na rotina com o intuito de driblar o ganho de peso e derrotar a obesidade. “Agora, se o indivíduo gosta desse hábito, tudo bem. Está claro que algumas pessoas sentem necessidade de comer de manhã e outras não”, afirma.

A nutricionista Pamela Vitória Salerno, colaboradora da Associação Brasileira de Nutrição, concorda: “Se não há apetite nesse momento e as demais refeições são equilibradas, não faz sentido forçar o café da manhã”.

Porém, a profissional brasileira, assim como outros experts ouvidos para a reportagem, tem ponderações em relação aos achados da revisão. O primeiro ponto diz respeito ao déficit de qualidade dos estudos incluídos na compilação — algo reconhecido pelos próprios autores no artigo, publicado no The British Medical Journal. Alguns se baseiam em registros alimentares feitos pelos voluntários durante sete dias, período considerado curto demais.

Fora isso, a maior parte dos dados vem de países desenvolvidos, como Estados Unidos e Reino Unido. Segundo a nutricionista Luciana Rossi, professora da Universidade Anhembi Morumbi, na capital paulista, o café da manhã nesses locais é bastante diferente do nosso. “É possível que ele não propicie saciedade, o que elevaria a ingestão de calorias mais tarde”, raciocina.

Luciana vai além: “O aumento de 0,4 quilo detectado pela revisão é algo ínfimo”. Para ela, essa é uma variação normal de balança, que pode ocorrer em um mesmo dia — ir ao banheiro (ou ficar travado) e ingerir mais (ou menos) água influenciam nessa flutuação, por exemplo.

A bióloga Ana Bonassa, do Instituto de Química da Universidade de São Paulo, frisa ainda que não dá para perder de vista a existência de outros tantos estudos que vão na direção oposta. “Eles indicam que pular o café está relacionado ao sobrepeso, à obesidade e à maior incidência de diabetes tipo 2″, lista.

Ignorar a primeira refeição do dia não deixa de ser a continuação de um jejum iniciado na hora em que vamos dormir. E, de acordo com Ana, que estudou o impacto do hábito em animais, há indícios de que o pior momento para ficar de estômago vazio seria justamente após acordar. “Nossa fase ativa é de dia”, ensina.

Se for para escolher, ela afirma que compensa mais pegar leve à noite, quando o organismo está se preparando para repousar. Por falar nisso, a nutricionista Pamela nota que a falta de fome cedinho talvez seja até reflexo de um jantar pra lá de pesado. “Essa refeição pode acabar compensando e até multiplicando as calorias que seriam ofertadas de manhã”, avisa.

Embora a revisão australiana não tenha identificado sinais desse comportamento em quem não faz questão do café, trata-se de um risco apontado pelos especialistas. “Há tendência de consumir mais alimentos nas refeições seguintes e também de realizar as escolhas com base na fome”, afirma a nutricionista Fabiana Pastich, professora da Universidade Federal de Pernambuco. E todo mundo sabe o que acontece quando o olho é maior do que a boca…

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Não é o fim do mundo pular a refeição se:

  • A sensação de fome é zero — e a dieta como um todo está equilibrada.
  • Ao comer algo nesse período do dia você se sente nauseado.
  • Por causa do seu turno de trabalho, a hora de acordar é praticamente colada no almoço.

Quando vale apostar no café da manhã

  • Você simplesmente curte realizar essa refeição.
  • Sente indisposição se não coloca algo no estômago logo cedo.
  • Percebe que isso ajuda a controlar melhor a fome e o desejo por tranqueira ao longo do dia.

Questão de perspectiva

Para a nutricionista Fabiana Poltronieri, do Centro Universitário FAM, em São Paulo, não faz sentido discutir se o café da manhã é vantajoso sem considerar o que vai à mesa. Ora, um pãozinho integral com queijo e café com leite é muito superior a uma tigela de cereal açucarado acompanhada de achocolatado de caixinha, por exemplo.

Quem compartilha dessa opinião é a endocrinologista Flavia Prodam, da Universidade de Piemonte Oriental, na Itália. “Acredito que o café da manhã deve ser incentivado na população em geral, começando na infância. Mas devemos ensinar o que é uma refeição saudável”, resume.

A médica não citou a infância à toa: recentemente, ela estudou o impacto do café entre os mais jovens e chegou a conclusões interessantes.

Boas pedidas matinais

Ovo: esbanja proteínas, ótimas para construir músculos e saciar. Priorize o mexido e a omelete, que exigem pouco óleo.

Café com leite: dá aquele gás para começar o dia.

Aveia: é fonte de fibras, que propiciam saciedade e ajudam a controlar o colesterol e a glicemia. Casa bem com frutas e iogurte.

Pão integral: possui carboidratos que não geram picos de açúcar no sangue. Combine com uma fatia de queijo magro, tipo ricota ou cottage.

Iogurte: é fonte de cálcio e de proteínas. A melhor opção é o natural. Frutas, granola caseira e um tiquinho de mel ajudam a adoçá-lo.

Tapioca: é pobre em gordura. Mas tem carboidrato simples, que faz a glicose disparar. Inclua recheio, como queijo, para evitar isso.

Frutas: são um combo nutritivo, com carboidratos, fibras, vitaminas e minerais. Hora perfeita para entrar na rotina.

Suco natural: hidrata e nutre. Mas, em formato líquido, as fibras das frutas vão embora e o açúcar fica concentrado. Melhor não abusar, tá?

Itens que transformam a refeição matinal em uma possível armadilha

Bolos recheados: o bolinho simples de fubá ou de milho cai bem de manhã. Mas coberturas e recheios desequilibram totalmente a receita.

Achocolatado: tanto o chocolate em pó como a bebida pronta na caixinha têm bastante açúcar. Experimente colocar cacau em pó no leite.

Cereais matinais: a maioria carrega açúcar de sobra. Uma troca legal: granola feita em casa, com aveia, oleaginosas e sementes.

Creme de avelã: pede moderação porque é cheio de gordura e açúcar. Como opção, dá para buscar geleias pouco açucaradas.

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A importância do café da manhã para crianças e diabéticos

A Flavia da Itália também conduziu uma revisão: na sua análise foram incluídas pesquisas que, no total, envolveram 286 804 crianças e adolescentes de 33 países. “Pular o café foi associado com sobrepeso e obesidade em 94,7% dos indivíduos que tinham esse hábito”, revela.

Curiosamente, o comportamento também mostrou ligação com um pior perfil de colesterol e pressão arterial, além de alterações no corpo capazes de levar ao diabetes. Segundo Flavia, a enxurrada de problemas pode ter a ver com o maior índice de massa corporal dos pequenos e com a qualidade preocupante da alimentação.

Para a outra Flavia, a autora da investigação australiana que contesta o café como estratégia para prevenir a obesidade, há grupos que de fato devem ser encorajados a quebrar o jejum de manhã. “Se as crianças forem à escola com fome, isso pode dificultar a concentração”, ilustra.

Não para por aí. A nutricionista Luana Monteiro, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, lembra que é nessa refeição que nutrientes-chave são enviados para dentro do organismo. “Em estudo, vimos maior aporte de cálcio e vitamina A entre as crianças que tomavam café da manhã.”

Outra turma que precisa encarar o desjejum como regra é a de quem tem diabetes, especialmente se faz uso de insulina. “Nesse caso, pular o café pode ocasionar hipoglicemia”, alerta a endocrinologista Bibiana Prada de Camargo, da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica.

O quadro, caracterizado pela queda brusca de açúcar no sangue, leva a tontura e confusão mental. “Ao fazer o café da manhã, a tendência é comer menos no resto do dia e ter um melhor controle glicêmico”, nota Bibiana.

Para quem se exercita de manhã, barriga vazia também deveria estar fora de cogitação. Segundo Luciana Rossi, o jejum pode resultar até na perda de massa muscular.

A grande questão é que a escolha de tomar ou não o café recai no foro pessoal. Só não deixe de sentir e respeitar seu corpo e trazer as opções mais saudáveis para a mesa.

O desjejum brasileiro varia de Norte a Sul

Chimia: herança alemã, faz sucesso no Sul. É uma pasta de fruta que se espalha no pão — lembra uma geleia.

Pão de queijo: adorado no Sudeste e no Centro-Oeste, pode substituir o pão. Mas sem exageros, por causa da gordura.

Cuscuz de milho: esse é figurinha carimbada no café de Norte e Nordeste. Que tal ovo cozido para acompanhar?

Tucumã: lascas da fruta vão para dentro do pão com queijo coalho. É o x-caboquinho, símbolo da Região Norte.

O que chama a atenção dos brasileiros no café da manhã gringo

Espanha: a artesã Marina Domingues percebeu um gosto especial pela flauta de jamón, uma baguete de presunto.

Austrália: a arquiteta Márcia Zupo cita uma pasta salgada e amarga à base de cevada que se passa no pão tostado.

Finlândia: a pedida é o pouridge, um mingau de aveia com frutas vermelhas, conta Felipe Lopes, engenheiro ambiental.

Japão: ocidentalizou o café, observa a estudante Aline Ibelli. Mas o chá-verde e o missoshiro (uma sopa) resistem.

Argentina: a estudante Priscila Ferreira nota que café com leite e medialuna (um tipo de croissant) são um clássico.

Estados Unidos: em Nova York, a designer Fernanda Didini destaca o bagel (um pão) com o café comprados na rua.

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Iogurtes proteicos invadem o mercado

A Danone anunciou o YoPro, que tem um sabor exclusivo, o de flocos. O Vigor Protein aposta no doce de leite. A marca Regina lança o de abacaxi com coco. Em comum, todos fazem questão de exibir a alta concentração de proteína — entre 14 e 25 gramas —, além da ausência de lactose e açúcar.

“Levando em consideração as individualidades de paladar e o acesso a outras fontes proteicas, como queijos, peixe, carne e feijão, contar com alimentos enriquecidos assim pode ser uma ótima estratégia, já que eles impediriam uma deficiência desse nutriente importante para a construção de todos os tecidos do corpo”, analisa a nutricionista Bianca Naves, de São Paulo.

Em outras palavras, os novos iogurtes ajudam a alcançar a recomendação diária de proteína, que deve ser de 1,5 a 2 gramas por quilo de peso. “É sempre bom ter variedade e sair da rotina. Mas, na hora da compra, vale ficar de olho no rótulo para evitar iogurtes com adição de amido e muita gordura saturada“, aconselha Bianca.

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Ao natural, mas turbinado

Os adeptos do iogurte natural também podem torná-lo mais proteico. Basta recorrer a um mix de chia, linhaça e gergelim.

“Se preferir oleaginosas como castanhas e nozes, lembre-se de que, mesmo contendo gordura boa e antioxidantes, elas são opções mais calóricas e menos proteicas que as sementes”, ensina Bianca Naves.

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9 dicas para detectar fake news na área da nutrição

Depois da nossa matéria sobre os influenciadores da saúde em geral, nós separamos algumas pegadinhas das redes sociais específicas sobre nutrição. Explica-se: a alimentação é uma das áreas mais atingidas pelas notícias falsas, ao ponto de o Conselho Federal de Nutrição (CFN) ter emitido em 2018 um alerta sobre o tema.

“Nas mídias sociais, as fake news chamam a atenção para equívocos e atitudes de risco, prometendo dietas milagrosas sem nenhuma comprovação científica, prescritas por pessoas sem formação acadêmica”, declara o texto da entidade. Ao adotar sugestões de origem duvidosa, a saúde é ameaçada.

Para ajudar você a detectar uma armadilha do tipo, conversamos com a nutricionista Carolina Sartori, de Brasília, que em seu perfil desmente com evidências alguns dos boatos. Ela é uma das entusiastas do projeto Saúde Honesta, que desmistifica o tema com o auxílio de diversos profissionais.

1. Fuja de quem usa o termo “detox”

A desintoxicação de quaisquer substâncias nocivas é feita pelo nosso corpo normalmente, desde que os rins e outros órgãos estejam funcionando. Não há qualquer indício confiável de que as dietas, chás e receitas detox tenham algum efeito extra na remoção de toxinas do organismo.

O importante é comer bem, sem radicalismos.

2. Demonização de alimentos é furada

As expressões “sem lactose” e “sem glúten” estão em alta nos rótulos das prateleiras e nos “publis” do Instagram. Só que esses alimentos só devem ser retirados da dieta de quem é alérgico ou intolerante a eles.

Riscar qualquer item do cardápio sem necessidade pode levar a deficiências nutricionais e problemas de saúde. No caso do glúten, a retirada não só não traz benefícios como pode elevar o risco de doenças crônicas não transmissíveis.

3. Ainda não há cura para doenças incuráveis

Parece óbvio, mas há muitas promessas de eliminar a aids e outras doenças crônicas com um alimento ou planta. Se a condição é considerada incurável, não dá para acreditar em uma alegação do tipo.

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4. Desconfie da supervalorização dos alimentos

Vamos dar um exemplo, o da canela. Ela é um alimento termogênico, pois acelera o gasto de energia do organismo. Só que esse efeito é discreto, ou seja, seria preciso comer porções cavalares para que o corpo perdesse peso por causa dessa queima.

Vale a máxima: nenhum alimento ou nutriente sozinho melhora a imunidade, emagrece ou cura doenças.

5. Encrencar com exames é sinal de alerta

É comum encontrar nutricionistas ou outros profissionais de saúde dizendo que o valor de referência da dosagem de vitamina D ou outros marcadores nos laboratórios é errado, e que na verdade deveríamos ingerir mais do que isso.

Como o excesso de nutrientes e o tratamento de doenças inexistentes podem ser prejudiciais e até colocar a vida em risco, vale ficar com o número oficial, que é calculado baseado em anos de estudo e passa pela análise de dezenas de profissionais e entidades médicas.

6. O ortomolecular não existe

Essa especialidade não é reconhecida pelo Conselho Federal de Nutrição, e geralmente quem a defende vende uma longa lista de exames e suplementos para supostamente balancear os nutrientes do corpo e, assim, promover o emagrecimento e prevenir doenças.

O Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) também já se posicionaram contra a abordagem.

7. Não aceite dietas da moda

Se o influencer oferece um cardápio pronto para ser seguido à risca por todo mundo e promove dietas da moda, melhor dar unfollow.

A alimentação deve ser individualizada, porque seu sucesso e segurança dependem de muitos fatores pessoais (peso, idade, estilo de vida, histórico de saúde, condição socioeconômica…). E qualquer profissional deve respeitar essas particularidades, inclusive dando voz para que a própria pessoa tome certas decisões informadas.

8. Nutricionistas não devem prescrever hormônios

Existem alegações sobre o papel de hormônios no emagrecimento e até a manipulação de versões sintéticas deles para esse fim. Só que os hormônios devem ser prescritos apenas por médicos – e depois do diagnóstico de uma condição de saúde que justifique isso.

Os Conselhos Regionais de Nutrição desaprovam a prática, e há uma lei que proíbe a recomendação de hormônios para fins estéticos, como prevenir o envelhecimento, até para os médicos.

9. Não existe milagre rápido com o cardápio

Por último, um dos pontos que faz mais sucesso nas redes. Perder peso rapidamente, secar a barriga, dobrar a massa magra e todas as promessas de resultados imediatos e impressionantes devem levantar suspeitas.

Toda mudança do tipo exige intervenções duradouras no estilo de vida e uma dose de disciplina.

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Cortar calorias retarda mesmo o envelhecimento?

Com o aumento na expectativa de vida da população, também estão em alta as pesquisas focadas no envelhecimento e em como evitar as doenças relacionadas ao avançar da idade. Apesar de sabermos que não existe uma fonte da juventude, a ciência vem mostrando que, sim, podemos frear em parte o processo do envelhecer e atrasar o aparecimento de problemas de saúde ligados a isso, caso do câncer e das doenças neurodegenerativas.

Embora já existam alguns medicamentos com efeitos comprovados na desaceleração dos efeitos negativos da idade — um dos remédios estudados nesse sentido é a metformina, receitada a pessoas com diabetes —, temos evidências de que algumas intervenções na alimentação também proporcionam esse impacto. É o caso da chamada restrição calórica.

De forma simplificada, restrição calórica significa reduzir o número de calorias consumidas, mas sem causar nenhum nível de desnutrição ou subnutrição. As pesquisas constatam que a diminuição no consumo energético, desde que se mantenha o nível de ingestão de nutrientes, beneficia a saúde e afasta doenças.

Se você se interessou por essa ideia, porém, não vá se aventurar com dietas restritivas pensando que elas são a mesma coisa testada pelos cientistas. A restrição calórica alvo de estudos é muito bem controlada e parte do pressuposto de que irá prover todos os nutrientes de que o organismo precisa. O que podemos encorajar, nesse contexto, é trocar o hambúrguer por uma salada completa, por exemplo. São menos calorias e mais substâncias bem-vindas.

Em um experimento com camundongos publicado recentemente por um grupo de universidades americanas e europeias, foi demonstrado que a redução de 20 a 50% na ingestão de calorias não só aumenta o tempo de vida como também previne ou atrasa o aparecimento de doenças associadas à idade. A incidência de câncer nos animais, por exemplo, foi significativamente menor apenas com essa intervenção na dieta. Também foi observada uma queda na incidência de diabetes tipo 2 e de problemas cardíacos e neurológicos.

Em seres humanos, diferentes pesquisas têm chegado à mesma conclusão. Restrição calórica, sempre com o consumo adequado de vitaminas e minerais, oferece benefícios semelhantes: melhora em fatores de risco para tumores e doenças cardiovasculares. O efeito, aliás, não se limita a pessoas acima do peso. Mesmo quando pessoas com o peso ideal se submetem ao corte de calorias, as vantagens são observadas.

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Outra forma de se obter os benefícios da restrição calórica — e que passa pelo olhar da ciência — é o jejum intermitente. Estudos com humanos vêm mostrando que, em um contexto regrado e controlado, ele reduz o peso e o nível de gordura corporal, além de diminuir a concentração de insulina no sangue, fenômenos relacionados à proteção frente ao envelhecimento.

Sabemos hoje que a dieta desbalanceada, o excesso de gordura corporal, o sedentarismo e o aumento de certos hormônios são fatores-chave no desenvolvimento das principais doenças crônicas que acometem a humanidade. O lado bom dos estudos de intervenção no estilo de vida, como restrição calórica, é que suas descobertas mostram que hábitos saudáveis têm um papel fundamental na prevenção desses males mais comuns com o avanço dos anos.

Para que estratégias como essas funcionem e não comprometam o equilíbrio nutricional, é importante procurar um profissional de saúde capacitado. E lembrar que não é preciso mudar drasticamente a alimentação. Escolhas saudáveis simples já são capazes de trazer enormes benefícios ao organismo.

* Tailise Souza é PhD em biologia molecular pela Universidade de Warwick, no Reino Unido, e pesquisadora na área de envelhecimento  

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O manual da alimentação dos bebês

Não há amor mais sincero do que o amor à comida, segundo o dramaturgo irlandês Bernard Shaw (1856-1950). E uma cartilha lançada pela Unicef, o braço das Nações Unidas voltado à infância, pode ajudar os pais a despertarem esse sentimento nos filhos, sem complicações. São dez recomendações para a alimentação dos pequenos até os 2 anos de idade.

“É um período em que se formam hábitos que vão acompanhá-los pela vida toda. Portanto, uma ótima oportunidade de estimular o gosto pela comida saudável“, explica a médica Cristina Albuquerque, chefe de Saúde, HIV/Aids e Desenvolvimento Infantil da Unicef Brasil.

Além de fornecer os nutrientes para o crescimento e o desenvolvimento dos órgãos, a alimentação adequada previne a obesidade. Pois saiba que aqueles bebês rechonchudos, exibidos com orgulho pelas mamães de outrora, hoje são motivo de preocupação. Os índices de excesso de peso na infância dispararam.

Um estudo da Federação Mundial de Obesidade estima que o número de crianças e adolescentes de 5 a 17 anos que estão com quilos a mais deve pular de 220 milhões para 268 milhões em menos de uma década. “O sobrepeso é porta de entrada para diabetes tipo 2, hipertensão e acúmulo de gordura no fígado, que aumentam o risco de doenças cardiovasculares, a principal causa de morte no mundo”, explica Cristina.

A refeição é também ocasião de aprender com os adultos a saborear os alimentos, trocar experiências, interagir… “Estudos populacionais mostram que famílias que comem juntas têm um padrão alimentar melhor”, conta o pediatra e nutrólogo Mauro Fisberg, do Departamento de Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria. Por isso vale a pena fazer dela um momento agradável de convivência em vez de se limitar a enfiar colheradas goela abaixo enquanto a criança se entretém com o tablet, o celular ou a TV.

Confira agora os dez passos para formar uma geração saudável e bem nutrida.

1. Amamentação até os 6 meses

E aqui falamos em aleitamento exclusivo. O leite materno fornece todos os nutrientes de que o bebê precisa. Dispensa água, chá e suco — inclusive em regiões quentes e áridas.

Não precisa temer aquela história de “leite fraco”. “Mesmo mães de baixo peso produzem, na maior parte das vezes, um líquido adequado às necessidades do bebê”, esclarece Fisberg.

Se o recém-nascido chorar, saiba que é a única forma que ele tem para se comunicar. Não significa sempre que está com fome — pode ser fralda suja, frio, calor, falta de aconchego… Observe se ele está crescendo como o esperado. Se achar que não, peça orientação ao pediatra.

E atenção: a partir do sexto mês, entram outros alimentos, mas a lactação deve ser mantida até os 2 anos.

Para o aleitamento fluir

Confie: não defina horário nem tempo. O bebê sabe quando mamar.

Conforto: há várias posições. Escolha a mais confortável para os dois.

Intercale: na próxima mamada, comece com o seio que não esvaziou na última.

Cuide-se: quem dá de mamar deve beber muita água e comer de maneira equilibrada.

Veja mais: Como preparar os seios para a amamentação

2. Não ofereça açúcar

Nem um pouquinho! Assim se evitam cáries e, claro, o excesso de peso.

A sensação de prazer provocada pelo consumo de doce ativa locais do cérebro relacionados à recompensa, concluíram pesquisadores da Universidade Yale (EUA), do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo e da Universidade Federal do ABC. Daí a vontade de repetir.

E o hábito adquirido na infância é mais difícil de reverter no futuro. “Fora isso, o doce compete com frutas e outros alimentos menos calóricos”, adverte Cristina.

O mel também está desaconselhado: é ultradoce e pode conter uma bactéria que ataca nervos e músculos. E o sistema imunológico do bebê ainda é imaturo para combatê-la.

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3. Apresente novos alimentos aos 6 meses

Comece no almoço, com itens frescos preparados com pouco azeite e sal: arroz, feijão, raízes, verduras, legumes, carnes e ovo. Nos lanches da manhã e da tarde, vá de fruta. No sétimo mês, é a vez de liberar o jantar. A partir do oitavo, dê a comida da família — se não tiver muito tempero, sal e gordura.

Deixe o bebê explorar o prato com a colher ou as mãos para sentir sabores, texturas e calor. Desencane da sujeira, tá? Lembre-se de dar água várias vezes ao dia para manter a hidratação.

O bebê e a comida da família

O pequeno vai seguir o exemplo dos pais e irmãos à mesa. Eis um bom motivo para melhorar o cardápio de todos. “O que não é saudável para o bebê não é também para a família”, afirma a endocrinologista e expert em obesidade infantil Zuleika Halpern, de São Paulo.

4. Espere a criança ter fome de comida de verdade

Se o filho rejeita o almoço, muitos pais acabam permitindo a bolacha, o salgadinho e outras tranqueiras. Só que substituir a refeição não é uma boa estratégia.

O melhor é esperar. Segundo a cartilha, em geral, duas horas sem comer ou beber são suficientes para a fome aparecer.

Contudo, não se recomenda oferecer no meio da tarde aquele prato que foi recusado mais cedo. Cristina indica leite, fruta, enfim, algo saudável que cai bem nesse período do dia.

Não force a barra

Bebês costumam comer pouco. Aquele papo de “Só mais uma colherinha” ou insistir no prato vazio a qualquer custo pode levar a criança a perder a noção de saciedade e comer além do limite. “Aí, sobe o risco de obesidade”, alerta Zuleika.

5. Invista no colorido dos vegetais

Um prato cheio de cor fornece nutrientes diferentes e agrada os olhos. Vale levar a criança à feira para mostrar a variedade e motivá-la a experimentar.

Todo alimento que nasce na terra ou dá em árvores é saudável, porém não estranhe se ela rejeitar algum. “Apresente no mínimo de dez a 12 vezes, mudando o preparo ou o tempero, antes de excluir do cardápio”, sugere Fisberg.

Se ainda recusar ou, pior, vomitar, tente outro item do mesmo grupo. O bebê tem direito a não gostar de tudo.

Desligue as telas

Diante de TV, tablet e celular, a criança nem presta atenção na comida. Isso já faz engordar — fora o sedentarismo. Há indícios de que o excesso de telas mexe com o cérebro. Elas só devem entrar na vida dos pequenos após os 2 anos — no máximo duas horas ao dia.

6. Ofereça grãos, raízes, verduras e frutas

Praticamente não existe alimento in natura que não possa ser introduzido após o sexto mês. “Depende mais do tempero e da forma de apresentação para o bebê se adaptar”, instrui Fisberg.

Os últimos a entrarem no menu são os que têm maior potencial de causar alergia, caso dos frutos do mar. O peixe vai logo de cara. Já embutidos, frituras e macarrão instantâneo, por exemplo, são contraindicados por concentrarem gordura, sal, corantes e conservantes demais, além de poucos nutrientes.

O prato ideal

Escolha um alimento de cada grupo

Carboidratos: Tem arroz, mandioca, batata, cará, macarrão, fubá e inhame.

Proteínas: Peixe, carne (boi ou porco), frango, ovo, feijão, lentilha…

Vitaminas e fibras: Aposte nos vegetais: couve, tomate, cenoura, beterraba etc.

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7. Estimule o bebê a mastigar

Isso ajuda a formar os dentes e a desenvolver a fala. Os alimentos devem ser cozidos e amassados com o garfo — as carnes, desfiadas. Não os misture para que o bebê possa provar cada um.

As chances de engasgar são mínimas: mesmo sem dentes, ele morde, só não corta. “Dê porções pequenas e ponha no canto da boca”, ensina Fisberg. “Ele vai jogar o alimento de um lado para outro, o que é útil, porque a digestão começa ali.”

8. Não dê bolachas e afins antes dos 2 anos

Biscoitos recheados, sucos de caixinha, salgadinhos, gelatina e refrigerantes não devem ser oferecidos porque colaboram para a obesidade, além de estarem lotados de aditivos. “O melhor é nem ter essas coisas dentro de casa”, orienta Zuleika.

Quanto àquele comentário do tempo de nossas avós “Mas a criança vai passar vontade e ficar doente!”, ignore. Se ela estiver de olho em um doce, bote uma fruta à disposição.

9. Não se esqueça da higiene

Lavar bem as mãos, os utensílios e os alimentos do bebê evita a contaminação por germes que provocam diarreia e infecções. “A água deve ser filtrada ou fervida e entregue de preferência no copo, entre os lanches e as refeições”, recomenda Cristina. Não tem melhor líquido para matar a sede.

Em vez do suco, priorize a fruta in natura, que concentra boas doses de fibras, substâncias bem-vindas ao intestino.

10. Estimule a vida ativa

Não adianta comer legal e ser sedentário. Por isso a Unicef indica movimentação.

Nessa fase, o bebê curte engatinhar e explorar o ambiente, o que aprimora a coordenação. Incentive-o a buscar um brinquedo e a empilhar objetos, a brincar de esconde-esconde, jogar bola e dançar. Invente atividades no quintal, no parquinho e na piscina.

Assim, ele se mexe e interage com os outros. A busca por saúde pode (e deve) ser divertida.

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Restringir as calorias da dieta reduz o risco de diabetes tipo 2?

O congresso da Associação Americana de Diabetes, que acontece em San Francisco neste ano, está recheado de novidades importantes para a população. Entre as pesquisas que acompanhei por aqui, destaco uma que avaliou o papel da restrição de calorias na alimentação para evitar o diabetes tipo 2. Aliás, eu gravei um vídeo, que está logo abaixo, para você ficar por dentro dos resultados.

Só adianto uma coisa: não adianta comer pouco por uns meses e, depois, voltar a abusar nas refeições. Ao atingir o peso ideal, é importante seguir com uma alimentação balanceada para afastar o diabetes. Infelizmente, muita gente acaba abandonando um estilo de vida saudável com o tempo.

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Orgânicos e saudáveis: as novidades da Nestlé Naturaltech 2019

A Nestlé renova globalmente mais de 8 mil produtos por ano. Somente em 2018, a marca lançou mais de 1.300 novidades abordando necessidades nutricionais específicas de bebês, crianças, mulheres grávidas ou novas mães. A empresa ainda tem como meta global reduzir em 5% os açúcares adicionados e em 10% o sódio até 2020.

Esses são apenas alguns dos números que acompanham a jornada de renovações e inovações de portfólio da Nestlé, que se intensificou na última década e tem como objetivo atender a novos perfis e oferecer soluções que levem saúde, nutrição e bem-estar ao consumidor.  Nos últimos cinco anos, a empresa investiu mais de R$ 400 milhões em pesquisas e lançamentos de produtos mais saudáveis, além da renovação de itens que já fazem parte do mix da companhia.

Parte do resultado de todas essas mudanças pode ser visto  durante a Naturaltech, Feira Internacional de Alimentação Saudável, Produtos Naturais e Saúde, que aconteceu entre os dias 5 e 8 de junho, no Pavilhão de Exposições do Anhembi, em São Paulo. A Nestlé construiu um estande onde o visitante pode fazer um tour para conhecer linhas de produtos orgânicos e saudáveis da marca. Abaixo, alguns dos destaques que já estão ou estarão nas prateleiras em breve: 

Foto: Mariana PekinDivulgação

NaturNes: papinhas sem conservantes

Bastante aguardada por pais e mães, a nova linha de papinhas orgânicas chega ao mercado em quatro sabores – banana, uva com banana, goiaba com banana e maçã –, em potes de 115g, sem adição de sal e amido, para a alimentação a partir dos seis meses. A novidade também faz parte do trabalho da Nestlé para o fomento da cadeia de orgânicos. Neste caso, com foco no desenvolvimento de produtores de frutas e legumes do interior de São Paulo. As papinhas NaturNes estarão à venda em todo o Brasil, no final de junho.

Foto: Mariana PekinDivulgação

Leite Ninho mais saudável

Outra novidade apresentada foi o Ninho orgânico, que chegará às prateleiras no segundo semestre. O produto será o primeiro leite orgânico produzido em larga escala no Brasil e é fruto de três anos de estudos e investimentos da companhia no desenvolvimento da cadeia de produção. O processo envolve, entre outras etapas, a habilitação e o preparo dos produtores, pasto sem a utilização de adubo químico ou agrotóxicos, alimentação dos animais com orgânicos e não transgênicos, além de tratamento dos animais com homeopatia e fitoterápicos.

Foto: Mariana PekinDivulgação
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Cultivo responsável

Com direito a cafezinho filtrado e servido na hora, o público do evento pode experimentar a nova linha de cafés especiais Nescafé Origens. O diferencial desta versão é a produção com grãos de café arábica, cultivados de maneira 100% responsável. Ele virá em opções solúvel (em vidro) e para coar (em lata reciclável) – inédita para a marca.  Outro objetivo é valorizar as regiões brasileiras e suas comunidades. Os aromas e sabores são da Chapada Diamantina (BA), São Sebastião do Paraíso (Sul de MG) e Serras do Alto Paranaíba (MG).

Foto: Mariana PekinDivulgação

Nescau: versão Max Cereal e parceria com projeto Tamar

Apesar de estar no mercado desde o final de 2018, outro produto apresentado foi o Nescau Max Cereal, primeiro achocolatado de uma grande marca no Brasil sem açúcar e sem adoçante, naturalmente adoçado por extrato de cereais. 

Também com Nescau, a Nestlé anunciou uma série de iniciativas para diminuir a quantidade de plástico nos produtos – em linha com a meta global da companhia de tornar todas as suas embalagens recicláveis ou reutilizáveis até 2025. Como primeira ação, NESCAU firmou parceria com o Projeto Tamar, um dos principais projetos socioambientais do país que atua na busca pela preservação das tartarugas-marinhas ameaçadas de extinção. Além do apoio financeiro aos projetos já existente do TAMAR, a marca trabalhará em conjunto com a instituição para criar ações e campanhas de conscientização. Entre elas, a chegada de embalagens NESCAU sem canudos ou com com canudos de papel.

Foto: Mariana PekinDivulgação

Aveia orgânica e Talento Terruá

A Nestlé também levou à Naturaltech o produto que deu o pontapé da companhia no segmento de orgânicos: a Aveia Orgânica Nestlé, lançada em fevereiro de 2018.

 

 

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